início bocadomangue Mario Moscatelli

IL MESSAGERO NON É IMPORTANTE (STIGMATA)

Como a mitológica Cassandra que antevê as catástrofes, avisa mas nada consegue evitar o infortúnio, eu sobrevôo pelo OLHOVERDE tristemente os ares da metrópole do Rio de Janeiro nessa tal semana do 1/5 de ambiente.

Quase tudo que vejo é  repetitivo. Esgoto por toda parte. Lixo por toda parte. Ocupação desordenada por toda parte. Projetos faraônicos para mais alguns eventos que vão encher o bolso de dinheiro dos mesmos funcionando de palanque eleitoral para também os mesmos e os mesmos otários de praxe pagando por tudo sem receber nada. Tudo numa repetição sem fim.

Uma espiral de degradação sem fim, com alguns lapsos de alegria, tais como aqueles que eu tenho, podendo estar participando da recuperação dos manguezais do canal do Fundão, a mau cheirosa entrada internacional de nossa cidade, da limpeza dos manguezais da baixada de Jacarepaguá ou finalmente da operação de transplante de milhares de mudas de mangue da praia de Sepetiba para novos sítios de plantio no canal do Fundão ou de outra área em recuperação da baía de Guanabara.

É um alento logo quebrado pela visão de algumas das mudas recentemente plantadas nas margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, arrancadas de suas covas e jogadas nas águas da Lagoa. Qual o motivo que levaria alguém a atacar deliberadamente aquelas pobres mudas?

Penso no processo de asfaltamento que a empresa petrolífera britânica vem fazendo no golfo do México, nas centenas de milhares, de formas de vida conhecidas e desconhecidas que morreram, agonizam e morrerão em conseqüência da inconseqüência humana, bem como .das milhares de vidas humanas que estão e serão por anos afetadas.

Lembro do deputado federal brasileiro que com sua emenda quer garfar boa parte dos recursos oriundos da exploração petrolífera no litoral do estado do Rio de Janeiro, afetando diretamente os recursos destinados ao cambaleante 1/5 de ambiente de nosso estado.

Olhando para as areias das praias num final de tarde, para as margens da Lagoa, para o interior dos manguezais ou para as águas da baía de Guanabara, concluo que somos um bando de malditos porcos humanos que não tem um pingo de consciência para com um mínimo de civilidade em pleno século XXI. Tratamos nossa casa como uma maldita latrina que insistimos em usar sem dar a descarga, acumulando fezes e urina, dia após dia, sem nunca dar a maldita descarga, sem nos importarmos com o cheiro, com nada, absolutamente nada.

O tempo vai passando, as promessas também e meus amigos manguezais de Duque de Caxias vão sendo aterrados por lixões bem como os brejos da baixada de Jacarepaguá.

Faço denúncia na mídia, por meio de relatórios, mas quase nada caminha, tudo meio que estagnado, pestilento, esperando apenas a hora de pagar todos os pecados cometidos sem qualquer medo do purgatório ou do inferno que nos espreita.

Há vinte anos no dia 12 de junho de 1990, eu estava fugindo do Brasil, pois burramente impedia o aterro dos manguezais no município de Angra dos Reis onde era o chefe de controle ambiental da prefeitura local e, portanto por cometer esse pecado inafiançável, eu estava jurado de morte pela quadrilha da especulação imobiliária da região. Em nenhuma hipótese nessa republiqueta,de bananas qualquer cidadão pode fazer terceiros cumprirem a lei, Lei boa só mesmo aquela que arrecada os tributos e demais impostos que engordam a mais corrupta das classes políticas mundiais, a brasileira que nada teme numa colônia de analfabetos funcionais.

Sem massa crítica não se avançará nada e cortando UM BILHÃO E TREZENTOS MILHÕES DE REAIS como o governo federal informa que vai fazer a respeito das verbas do ministério da educação, é claro que o caldo de emburrecimento vai continuar aumentando indefinidamente para a alegria dos corruptos, banqueiros agiotas, aloprados, aspones e políticos tupiniquins. Em resumo: Estamos FODIDOS, ao menos aqueles que pensam, pois os que não pensam, continuam alegres, rindo de tudo, fazendo piada de tudo e creditando à Deus todas as suas desgraças.

Olho e ouço incrédulo todas as mesmices faladas por todos os candidatos  em todas as eleições. Alguns (mas) candidatos (as) vêm completamente recauchutados visualmente mas sem qualquer novidade em seus discursos.

Votarei na candidata que mais me parece próxima da realidade mas sem grandes esperanças de vitória pois as bolsas família e vale isso e aquilo irão falar mais alto no país dos sem educação. Mas de qualquer forma será importante o maior número de votos possíveis sinalizando aos do segundo turno que ser á preciso adequar o discurso desenvolvimentista à realidade ambiental. Destaco que isso não quer dizer muita coisa, pois para obter votos, essa turma faz qualquer negócio antes de ser eleito mas depois as coisas são bastantes diferentes.

IL MESSAGERO NON É IMPORTANTE
".O limite dos lixões de Caxias talvez seja a baía de Guanabara."

Torço pela mudança, pois é salutar mudar as quadrilhas, digo partidos políticos, que se apossam do poder público de quatro em quatro anos. É fundamental esse chacoalho no poder federal, encastelado na terra da fantasia, da realidade alternativa.

Independente de quem ganhe, tenho a certeza que as sacanagens com dinheiro público irão continuar, os escândalos vai continuar vendendo jornal e eu como você vamos continuar pagando em impostos, todo esse bacanal.

Mas bola para frente pois estamos em plena copa do mundo e por um mês estaremos anestesiados.

Pra frente Brasil-sil-sil-sil....

Mario Moscatelli – Biólogo – Professor de Gerenciamento de Ecossistemas do Centro Universitário da Cidade e executor do projeto OLHOVERDE

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