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Importância da vacinação

Importância da vacinação: Aplicação em massa de imunizantes permitirá saber se, além de proteger contra a doença, eles também serão capazes de evitar a infecção pelo Sars-CoV-2.

Importância da vacinação

17/3/2021 ::  Por Yuri Vasconcelos/Revista Fapesp

A vacinação contra Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, avança no mundo, aproximando-nos da superação da atual crise sanitária. O progresso da imunização permitirá conhecer melhor a ação das vacinas aprovadas.

Epidemiologia
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Entre outras coisas, ficará claro se serão capazes de proteger contra a doença e, também, de impedir a infecção pelo Sars-CoV-2.

Estudos clínicos sobre as formulações em uso revelam que elas são eficazes na prevenção da enfermidade, reduzindo os sintomas e evitando quadros graves, mas não se sabe ainda se também conseguem impedir que o vírus invada as células humanas e inicie o processo de replicação.

Vacinas que evitam tanto a doença quanto a infecção induzem o que os médicos chamam de imunidade esterilizante.

Mutação no novo coronavírus
Mutação no coronavírus

Há uma diferença sutil, mas importante, entre barrar a infecção e, consequentemente, a doença, e proteger somente contra a enfermidade. As vacinas que previnem contra o aparecimento da Covid-19 não impedem necessariamente que as pessoas imunizadas continuem a se contaminar e a transmitir o novo coronavírus, mesmo que não apresentem sintomas e estejam se sentindo bem. Já as formulações que bloqueiam totalmente a infecção, proporcionando a imunidade esterilizante, aniquilam o vírus, interrompendo a cadeia de contágio.

O esperado efeito das vacinas

A virologista britânica Sarah Caddy, pesquisadora clínica do Cambridge Institute for Therapeutic Immunology and Infectious Disease (Citiid) da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, afirma que o ideal seria que todas as vacinas impedissem a infecção pelo patógeno, mas, na prática, não é o que acontece.

Importância da vacinação
foto: Marcos de Paula/Prefeitura do Rio

A maioria dos imunizantes existentes confere proteção contra o surgimento da doença. É o que ocorre, por exemplo, com as formulações contra influenza, hepatite, sarampo, tuberculose e rotavírus.

“Mesmo sem bloquear a infecção”, afirmou Caddy a Pesquisa FAPESP, “é possível cortar a transmissão e interromper a pandemia de Covid-19”. Isso porque uma pessoa vacinada, se for infectada pelo novo coronavírus, terá uma carga viral mais baixa do que alguém que não foi imunizado, ficou doente e apresentou sintomas – os infectados assintomáticos, indicam os estudos, também têm baixa carga viral. Dessa forma, explica a especialista, os inoculantes ajudam a reduzir a taxa de circulação do vírus. “Mesmo sem induzir a imunidade esterilizante, a vacina pode controlar a doença na população.”

Para a infectologista Raquel Stucchi, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp), as vacinas existentes contra a Covid-19 podem fazer com que se atinja a imunidade coletiva, situação em que a disseminação do vírus é contida por haver pouca gente suscetível a contraí-lo.

“É possível conseguir a imunidade coletiva contra o novo coronavírus mesmo sem ter o controle total de sua transmissão. O que precisamos, nesse caso, é vacinar um contingente maior da população”, diz Stucchi. “Claro que ajudaria muito se contássemos com uma vacina que também impedisse a transmissão, mas ela não é indispensável. Temos hoje no nosso portfólio vários imunizantes que, mesmo não sendo esterilizantes, conseguem  controlar a doença para a qual foram desenvolvidos.”

Artigo:

ROBBIANI, D. F. et alConvergent antibody responses to Sars-CoV-2 in convalescent individualsNature. 18 jun. 2020.

Fonte: O esperado efeito das vacinas/Revista Fapesp  CC BY-ND 4.0

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