bocadomangue
Mario Moscatelli
DA GAROTA DE IPANEMA À EGUINHA POCOTÓ, POCOTÓ, POCOTÓ.
Realmente
eu não tenho jeito! Andava calmo, só com aqueles vazamentos
rotineiros de esgoto na Lagoa, onde eu digo que é aquilo e
a CEDAE diz que é barro, enfim aquela mesma história
enfadonha de sempre, quando consegui fazer um novo sobrevôo. Sobrevôo tipo para matar as "saudades" daquele visual caótico, parecido com as primeiras imagens do filme Blade Runner, lembram? Bons tempos àqueles perdidos no início da década de oitenta, quando eu adolescente, lá pelos falecidos Cine Copacabana e Art Copacabana via na telona o que eu ia acabar vivenciando ao vivo. E
lá fomos nós para cima e por cima da baixada de Jacarepaguá
e, por incrível que pareça eu sempre consigo me surpreender
com aquilo que eu vejo e também com o que não vejo lá
do alto. A draga que ia dragar a laguna da Tijuca jazia morta, paradona, junto da avenida Ayrton Senna. Detalhe que isso não é de hoje. Será que cansou depois de ter de encarar tanto sofá e poltrona? Ou será que a lama andava muito temperada com metal pesado? De qualquer forma, seria bom saber o que está acontecendo e descobrir o tal cronograma, pois obras ambientais no Estado do Rio de Janeiro são que nem obra em casa, só se sabe quando começa, quando acaba, aí é exigir demais de nossos eficientes administradores públicos. Voando mais para o lado do condomínio Rio 2 e para o futuro hospital da rede Sara, lá fui eu ver aquela pobre formação de restinga alagada virando um aterro clandestino de entulho e lixo em plena baixada de Jacarepaguá! E daí que é a baixada de Jacarepaguá? Aqui como no resto, a zona é generalizada! Não acredita? Vai voar e confira!
Realmente o que dá para sentir depois de cada vôo é muita raiva e NOJO, muito NOJO mesmo dessa classe patológica e corporativista chamada política (salvo raras exceções). A cada leitura no jornal, quando essa gente aparece dizendo alguma velha novidade para dar encaminhamento com o tal grupo de trabalho da tal "problemática" ambiental, onde depois de chuva, MERDA boiando na praia de Copacabana é coisa normal e, mortandade de peixes na Lagoa é problema de excesso de peixe, chego a conclusão que essa gente tem a certeza cristalina que "pode empurrar que entra". Diga a maior barbaridade boçal que quiser que tenha certeza que acaba entrando, visto que entra coisa pior em tudo que é lugar e ninguém nem grita. Com
certeza andamos completamente perdidos do ponto de vista de políticas
ambientais no Estado do Rio de Janeiro. Isso, até com aquilo
que é estratégico para a nossa sobrevivência imediata,
como é o caso da água que vem do Guandu, que hoje mais
é uma pasta daquilo que a CEDAE chama na Lagoa de barro com
tudo que encontrar no caminho até chegar no sistema de milagres
da CEDAE, onde água diluída em "barro" depois
de tratada vira água potável, sabe-se até quando. Pois é, cabe mais uma vez a nós contribuintes achacados diariamente e com o poder de voto, dar o troco o ano que vem a aqueles que nada mais querem do que continuar parasitando do que sobrou de nossa cidade. Esclareço que dar o troco não é só afastar aqueles que você enquadra como parasitas, mas selecionar o que há de melhor para representar o seu e o nosso interesse de viver novamente na cidade da Garota de Ipanema. Ia esquecendo, finalmente as auturidades do executivo, ameaçadas pelo poder Judiciário, MP Federal e Estadual, finalmente se tocaram do problema da Ingá em Sepetiba, e começaram a fazer alguma coisa para reduzir o desastre que acontece há pelo menos vinte anos sem ninguém ter feito algo de fato. Vamos ver se não fica só nas ações iniciais emergenciais e daí por assim mesmo, como é de praxe em nossa cultura. MARIO MOSCATELLI - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br |
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