bocadomangue
Mario Moscatelli
o Boi Voador Ambiental...
Aproveitando a quase que finada onda carnavalesca, fico imaginando quantos bois voadores ambientais, temos visto voando nos céus do Estado do Rio de Janeiro nos últimos anos. Não é um, nem dois, mais uma verdadeira manada desembestada de antigas novidades que teoricamente iriam resolver uma dezena de velhas chagas ambientais que devido aos mais variados motivos, continuam lá sangrando nas Baías de Guanabara e Sepetiba, nas Praias de Copacabana, Ipanema, Leblon, São Conrado e Barra, nas lagoas Rodrigo de Freitas e Baixada de Jacarepaguá em mais esse triste final de verão sem perspectiva real de solução.
Só que não é de hoje que as verbas aparentemente não chegam aos seus destinos, como se acompanha pelos noticiários dos grandes jornais bem como parece que pouca gente das cortes anda interessada que essa grana seja usada para a finalidade a qual foi destinada. Enfim, estamos mais uma vez ferrados, principalmente se você algum dia precisar de algum dos serviços bancados por essas verbas extraviadas. Falando
em ferrados, infelizmente os peixes do canal, digo Valão de
Marapendi, que precisam de oxigênio para respirar mesmo dentro daquele
valão de esgoto a céu aberto, cometeram segundo fontes extra-oficiais
palacianas "suicídio coletivo" um pouco antes do carnaval.
Para quem conhece o valão não é nenhuma novidade a situação
desesperadora da bicharada aquática que depende de oxigênio, visto
que tem pouca água para tanto esgoto que é lançado naquele
corpo dágua. Exemplo escancarado do CAOS é a transformação
do sistema da rede drenagem das águas pluviais do Jardim Oceânico
em rede de esgoto. Jorra esgoto dia e noite no sistema de drenagem que por
sua vez é lançado em dois pontos do Valão de Marapendi
para quem quiser ver e ou sentir o "futum", o ano inteiro, 24 horas
por dia. Fica a pergunta, será que é difícil resolver
esse problema em especial? Vou
dar uma receita: 1-Informe aos condomínios
por meio da mídia,
que o poder público irá em 30 dias usar seu poder de polícia
para fiscalizar todos os condomínios da região e que os síndicos
tem esse intervalo de tempo para verificar se suas caixas de gordura e sistemas
de fossa-sumidouro estão utilizando a rede de águas pluviais
como rede de esgoto, providenciando caso necessite os necessários
reparos e ou adequações. 2- No término desse período
iniciar um levantamento sistemático rua por rua, visando identificar
quem joga esgoto e multando os porcalhões. 3- Criar um planta cadastral
da atual situação e atualizá-la periodicamente por meio
de fiscalizações
aleatórias associadas à criação de um sistema
de monitoramento da qualidade da água que saí do sistema de
drenagem, tanto para o Valão de Marapendi como para a Laguna da Tijuca.
4- Avaliar tanto quantitativamente como qualitativamente o que saí de
uma grande galeria que desemboca no Valão de Marapendi, junto da ponte
que passa por cima do dito valão, que por acaso fica na direção
de uma construção da estatal CEDAE. Falando em sobrenatural, eu gostaria de solicitar aos deputados federais da bancada do Estado do Rio de Janeiro, que independente da sigla partidária fizessem em bloco uma gentileza aos colonos da Barra: Solicitar uma posição oficial, isto é, um sim ou não do governo federal quanto à possibilidade do Município do Rio de Janeiro, poder contrair empréstimo nipônico para os projetos de recuperação ambiental da Baixada de Jacarepaguá. Pois entra ano e saí ano, saí presidente e entra presidente e o sistema lagunar continua aquele vaso sanitário à espera de vontade política e dinheiro para ser salvo. Acordem palacianos, 2007 está chegando, e o que precisamos fazer para recuperar de fato e não apenas "acochambrar" para gringo ver e não sentir o cheiro de podre, leva tempo, e o tempo não para. Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br |
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