MEIO AMBIENTE LTDA.
Acompanho com profundo espanto, os constantes desentendimentos entre as diversas esferas administrativas dos órgãos ambientais que no meu entender deveriam priorizar o gerenciamento do que sobrou dos recursos naturais de nossa cidade bem como dividir harmoniosamente as tarefas de gerenciar, fiscalizar, recuperar e licenciar. Inicialmente foi a novela dos canos da CEDAE que tinham de passar pelo Bosque da Barra, sob a responsabilidade da prefeitura e que apenas de fato se chegou a alguma conclusão, após meses de discussão, quando de forma contundente a mídia expôs a situação publicamente. Outra novela foi a da instalação da elevatória nas margens da laguna de Marapendi, onde quando alguma das instâncias do poder público resolve criar problemas para as demais, o que não falta são leis, regulamentos, portarias e despachos, tudo muito legal, só que enquanto isso, de seis a oito toneladas de esgoto por segundo continuam sendo descarregadas no sistema lagunar e desse para a praia da Barra.
Alerto que mesmo quando submetidas pela ação do Ministério Público por meio de termos de ajuste de conduta, empresas estatais, têm certeza que mesmo descumprindo prazos firmados nada lhes acontecerá, principalmente aos seus maus administradores, sem qualquer preocupação com a qualidade ambiental da cidade e a qualidade de vida dos contribuintes. Exemplo disso são as obras que se arrastam na lagoa Rodrigo de Freitas, onde não falta esgoto brotando das galerias de águas pluviais e onde a estatal a cada nova denúncia classifica esgoto como “água suja”. Enfim como já disse anteriormente, tenho claro que a visão pública do gerenciamento ambiental é completamente míope, não conseguindo ir além de quatro ou nos mais “ousados” administradores por um período de oito anos. Está noção político-temporal associada intimamente com os períodos eleitorais são completamente incompatíveis com a lógica dos processos ambientais e daí os pífios resultados de diversos projetos e programas ambientais, fruto de interesses políticos momentâneos, descontínuos, paridos e abandonados. Exemplo disso é o quadro dramático das unidades de conservação, onde falta quase tudo. Neste contexto, salvo meu completo engano diante da realidade que acompanho pessoalmente diariamente nas lagunas, baías e unidades de conservação, considero que a classe empresarial, principalmente a situada na baixada de Jacarepaguá deveria tomar à frente de forma articulada e promover a criação do Fundo Empresarial de Conservação Ambiental. Este fundo receberia recursos da iniciativa privada, sendo os mesmos gerenciados pela iniciativa privada, com projetos criados e executados pela iniciativa privada, onde tenho quase que certeza que vários dos sérios problemas ambientais existentes em nossa cidade poderiam ser atacados da forma correta com programas de curto, médio e longo prazo. Dessa forma o empresariado de forma clara poderia contribuir com a recuperação ambiental da cidade bem como estimular por parte do poder público maior competência e continuidade a execução de suas propostas. Precisamos
entender que a Natureza é nossa melhor
parceira, nessa indústria
de vida chamado planeta Terra e que a mesma quando mal tratada não
se protege, apenas se vinga, atingindo diretamente não apenas nossa
qualidade de vida mas também todas as atividades econômicas
que dela dependem Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br |
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