“DESLEGADOS” DO PAN
Comecei o dia com uma estranha notícia. Em diversos jornais as colunas abriam com: “Agora começou” ou “Feliz ano novo”. Engraçado, para não dizer triste, um país que começa o ano no final de fevereiro, ou no início de março, visto que em muitos lugares a festa se arrasta até a semana que vem. Enquanto isso, eu pobre mortal, contribuinte achacado, venho pagando impostos desde janeiro, na verdadeira derrama que esses dois primeiros meses trazem para os que desejam manter seus compromissos em dia com nosso “zeloso” poder público. Mas vamos ao que interessa.
Outro “probrema” é que segundo o que ouvi no rádio, a região da vila está numa das áreas com maior infestação de mosquitos associados com o dengue. Moral da
história, os atletas correm o risco de, ou ficarem intoxicados
pelo cheiro, ou pegarem dengue! A novidade positiva do momento tem sido a ação da secretaria de ambiente do estado do Rio de Janeiro, que além de assumir a gravidade do problema, tem procurado junto ao empresariado local, maneiras de atacar rapidamente de forma articulada, as sérias conseqüências sócio-ambientais da degradação do sistema lagunar, como a suspensão das atividades de pesca na região em virtude da contaminação dos peixes por microcistina (toxina hepatotóxica). Uma das formas levantadas em reunião para se combater o problema sócio-econômico gerado pela interdição da pesca foi a contratação dos pescadores, utilizando-os na limpeza e recuperação dos manguezais, pelo menos enquanto durar a suspensão das atividades de pesca. Infelizmente,
mais uma vez, ao ambiente de nossa cidade foram prometidas melhoras
associadas com mais um determinado evento. Com toda certeza, os prometidos
legados para esse mesmo ambiente tão destratado e principal motivo
para essa cidade ter sido chamada de Maravilhosa vão continuar
apenas no marketing. Em termos mais práticos, para se ter uma idéia da vingança da Natureza, fruto de nossa acumulada incompetência administrativa, a mancha de tudo que lançamos e produzimos nas lagunas da região, saía do canal da Joatinga e atingia a altura do condomínio Alfa Barra, situado há alguns quilômetros de distância do quebra-mar. A hora de tomarmos vergonha na cara já passou e o tal evento é daqui há menos de cinco meses. Depois
não digam que eu não avisei..... |
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Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br |
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