Foi assim nas mortandades da Lagoa no período de 1999-2002, quando alertei as autoridades que o volume de esgoto estava além das condições do ecossistema. Não fizeram nada quando podiam fazer a diferença e, portanto precisou morrer coisa de 400 toneladas de peixes e quase uma revolta civil para que a porcaria das autoridades se movimentassem.

Foi assim na Reduque, quando vazou em 1997 alguns milhares de metros cúbicos de óleo nos manguezais e nas águas da baía de Guanabara e a estatal petrolífera efetivamente nada fez até 2000 quando um milhão e quatrocentos mil litros de óleo asfaltaram a baía, os manguezais, os costões rochosos e as praias.

Foi assim quando o esgoto criminosamente lançado no sistema lagunar da baixada de Jacarepaguá alimentava as gigogas que cresciam sem parar e as mesmas forçavam as frágeis barreiras situadas na lagoa da Tijuca. As mesmas autoridades foram informadas por meio de grande emissora de tv que as gigogas invadiriam as praias em pleno verão de 2006. Não deu outra. Em meio à politicagem safada, sacana, paga cara com nossos impostos, milhares de metros cúbicos de gigogas avançaram sobre as praias da Barra, São Conrado, Ipanema, Leblon, Copacabana, chegando até a Niterói. Foram semanas de remoção onde o dinheiro público que é lixo, era empregado na “secação” de gelo.

Foi assim com as cianobactérias tóxicas que também alimentadas por esgoto abundante desde a década de noventa do século passado tem se multiplicado e invadido a praia da Barra atingindo quase um quilômetro de largura da praia. As autoridades foram repetidamente avisadas, mas negavam o inegável, por meio de suas estruturas burocráticas e técnicos subservientes, até que em janeiro de 2007, trezentos metros da praia da Barra foram finalmente interditados.

Foi assim com a Cataguazes Mineradora que situada em Minas Gerais, já contaminou por duas vezes o rio Paraíba do Sul imobilizando parte dos municípios do norte fluminense.

Tem sido assim com o lixo hospitalar que venho denunciando desde dezembro de 2006 e que até agora, julho de 2007, não se conseguiu saber de onde vem. No entanto para onde vão seringas com agulha, ampolas com sangue, remédios, eu posso lhes garantir que o seu destino final será no pé, na mão ou na bunda de algum indefeso usuário da praia da Barra. Aí serão mais reportagens, mais das que já foram feitas, mostrando o ou a infeliz com parte do corpo espetado, das doenças prováveis que podem ser contraídas. Com certeza não faltarão autoridades para dizer isso e aquilo, colocando a culpa em outra esfera tanto ou mais incompetente. Mas a pergunta de qual a causa de tamanha morosidade na averiguação de quem e de onde vem o material hospitalar jogado no sistema lagunar da baixada de Jacarepaguá, essa ninguém vai responder.