GRANDES COISAS
O primeiro Fórum de Recuperação do Sistema Lagunar, ocorrido no dia 28 de novembro de 2007, organizado pelo senador Crivella e da qual fiz parte como palestrante, contando com a presença das duas mais importantes autoridades ambientais na área do Estado ( secretário Carlos Minc) e da União (ministra Marina Silva) deixou algumas importantes informações para futuras cobranças tanto para as autoridades presentes como para a sociedade.
É muito claro também que em virtude das dimensões do passivo ambiental gerado na região que apenas a ação da secretaria de estado de ambiente não será capaz de reverter o monstro criado por anos de impunidade oficial e catatonia da sociedade. Nesta linha, a ministra acabou não respondendo ao meu chamado de ajuda. Falou bem, falou bonito, mas não respondeu se o seu ministério interferiria de alguma forma para viabilizar o programa de revitalização da bacia hidrográfica da baixada de Jacarepaguá engavetado em algum lugar da prefeitura e do ministério da fazenda. É preciso que a ministra seja pressionada, no bom sentido, visando materializar algum sinal de seu interesse em viabilizar esse projeto, visto que durante o fórum esse sinal não apareceu. O senador Crivella também ao ser convidado por mim para uma vistoria no sistema lagunar de Jacarepaguá acabou não respondendo ao meu convite. Aproveito para estendê-lo a toda bancada de deputados federais e senadores representantes dos interesses do Estado e da Cidade do Rio de Janeiro. As únicas exigências é que seja efetuada a vistoria na maré mais baixa de sizígia bem como da vistoria saia um documento suprapartidário onde os presentes se comprometam a desenvolver esforços para o destino de recursos para a recuperação da baixada de Jacarepaguá, caso contrário será tempo e gasolina jogada fora. É importante que fóruns, reuniões, vistorias saíam com algo de paupável, com compromissos claros de todas as partes envolvidas, pois o tempo de “enrolação” acabou. Como disse no início de minha palestra, estou cheio de repetir as mesmas coisas, indicar os mesmos problemas, sugerir possíveis soluções e constatar que ano após ano, as coisas só estão piorando. É inaceitável, é amoral, é uma blasfêmia o que dia após dia, fazemos com nossa “dispensa” transformada em “latrina”. É salutar e refrescante ouvir o conjunto de ações já em andamento e em processo de execução, apresentadas pelo secretário Carlos Minc. No entanto precisamos ficar alertas e principalmente organizados, funcionando como “olheiros do secretrário” para com o bom uso dos recursos e do andamento das obras pretendidas, visto que “esse filme já vi diversas vezes” e toda ajuda que o secretário puder receber, será muito bem vinda na indicação de possíveis desvios, tão comuns na rotina de obras públicas. Também insisto numa inserção mais setorial, mais generalizada e ordenada da classe empresarial em projetos complementares de recuperação ambiental, onde por meio da criação do Fundo Empresarial de Conservação Ambiental, as empresas interessadas em de fato reverter o cenário que temos na atualidade, gerariam e executariam projetos que viabilizassem a recuperação dos ecossistemas degradados. Como eu sempre digo, cada um gasta o dinheiro como quer, mas fico pensando em quanta propaganda caríssima em página dupla e em horário nobre é produzida para mostrar que a empresa X está envolvida com a causa ambiental e quanto dinheiro é usado em projetos que duram poucos dias e que poderiam recuperar centenas de hectares de ecossistemas degradados, dando emprego para tanta gente desempregada pela ação da poluição. Sei lá, acho que precisamos urgentemente priorizar as ações antes de destacar as intenções. Em resumo, “grandes coisas” tudo o que ouvimos naquela manhã. No entanto temos de ter claro que se não utilizarmos de pressão política constante para revertermos o quadro de cloacalização lagunar pelo qual nossos ecossistemas vêm passando, grandes coisas serão perdidas em nossa região, dentre as quais destacam-se a nossa qualidade de vida e o respeito das futuras gerações diante de nossa apatia, até então generalizada. Os deveres de casa estão indicados, agora é só fazê-los e cobrá-los. Da minha parte continuarei cobrando uma posição clara da ministra, do prefeito, este completamente ausente nos assuntos ambientais de nossa cidade bem como de toda bancada federal de senadores e deputados de nosso estado, onde reitero meu convite para uma visita técnica no sistema lagunar. A recompensa está a nossa espera. Só resta ir buscá-la. |
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Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br |
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