.Planeta
Oceano
Agenor Cunha da Silva
Desencontros Sazonais
Como sabemos, estamos no limiar do outono. Por volta de 20 de junho estaremos entrando no Inverno. Todavia, basta verificarmos nosso calendário para constatar que a sucessão das estações parece não se comportar da mesma forma harmônica e seqüencial como nossos avós vivenciaram. Os dias podem apresentar variações muito acentuadas. Em algumas regiões, pela parte da manhã podemos ter um clima de verão enquanto que pela tarde nossa sensibilidade nos informa estarmos sob condições de inverno com repentinas quedas de temperatura e precipitações cujas conseqüências acabam por afetar as populações geralmente repercutindo de forma bastante negativa na saúde das pessoas. O quadro acima descrito nos revela uma situação que na década de oitenta já era motivo de estudos e relatórios que o governo americano, por meio de agencias ambientais, procurava alertar os paises em desenvolvimento, com dificuldades de recursos, poderiam encontrar como cenário no futuro. Tais análises prospectivas nada mais eram do que um aviso para que os governantes procurassem se precaver contra as possíveis catástrofes ambientais que as previsões baseadas em modelos numéricos de alta probabilidade indicavam.
Como resultado, é possível se verificar que os sistemas de circulação tanto o oceânico quanto o atmosférico vem apresentando comportamentos anômalos, que diversas instituições empenham-se em desenvolver modelos para tentar explicar as novas situações. Noticias de jornais dando conta da presença de anticiclones tropicais avançando sobre a costa brasileira, parece-me ser o exemplo de maior evidência no momento. Trata-se de uma situação nova para a qual as populações evidentemente não estavam preparadas. O que não se divulga é que tais situações já haviam sido descritas no relatório ao qual me referencie no inicio deste artigo. A ausência de políticas ambientais mais expressivas, com investimentos mais concretos para se desenvolver um Programa de Reflorestamento Total de nossas matas, é certamente uma das causas do que estamos presenciando no momento. Sem a devida cobertura vegetal, as intempéries amplificam seus efeitos provocando destruição e mortes principalmente nas áreas costeiras. Num estágio posterior, áreas continentais também poderão passar a sofrer efeitos semelhantes. O "amortecedor climático" ou a cobertura vegetal que ameniza o potencial dos processos intempéricos está cada vez mais comprometido. As trocas por evapotranpiração, como uma das importantes funções das florestas nas trocas entre os solos e atmosfera, estão agora por conta das coberturas de asfalto que se multiplicam a cada dia, quase na mesma proporção em que o numero de veículos são produzidos. É uma situação critica, para a qual se deve atentar e se empenhar em se desenvolver ações mais efetivas de proteção ambiental. São ações que devem ser desenvolvidas por todos. Não podemos deixar apenas os governantes com esta tarefa. Chegamos a um ponto, em que o agravamento da situação é tal que, ou se toma iniciativas conjuntas, ou todos irão sofrer as amargas conseqüências. As condições de enfrentar variações climáticas com evidentes desencontros sazonais diários, certamente nos coloca em uma condição de evidente desvantagem em relação aos paises mais desenvolvidos, onde os recursos não são tão escassos como os nossos. MSC.
Agenor Cunha da Silva - agenor@biologo.com.br |
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