.Planeta
Oceano
Agenor Cunha da Silva
De Volta para o Futuro
Estamos
nos aproximando do final do ano. Reconheço que foi um ano difícill.
Mas que passou muito rápido, passou. Perguntamos como pode. Parece
que janeiro foi ontem. Será que o tempo está passando
mais rápido, ou será que nós é que estamos
tão absorvidos em nossos afazeres que acabamos por não
perceber a evolução do tempo?
No mundo atual os meios de comunicação e transporte parecem nos levar a um paradoxo. A uma situação onde o tempo passa e nossas ações convergem para se tentar amenizar a falta de tempo. Conversas fiadas, nem pensar. A pressa da consecução é inevitável. Aqueles que são lentos acabam sendo esmagados pela necessidade de respostas imediatas. Não importa que sejam inconsistentes. Elas devem ser imediatas. Esta
é uma situação que certamente não leva
o homem a interagir com seu ambiente. Em vez disso ele tenta criar
um ambiente diferente. Mesmo que seja artificial, o importante é
que venha a preencher sua apatia a qualquer custo. Geralmente, à
custa da sua própria integridade, ou de novas doenças
que no seu cerne trazem disfunções orgânicas,
nem sempre combatidas pelos remédios, os quais, na maior parte
das vezes acabam por provocar efeitos colaterais muito piores. Neste quadro, onde carecemos do precioso tempo para contemplar a natureza, continuamos a verificar que as agressões ao ambiente continuam a todo vapor. O tempo passa e o jogo de interesses e o egoísmo das castas dominantes procuram a qualquer custo justificar tais agressões. Ao se tentar sintetizar o curso da historia do nosso planeta constatamos que poucas alterações comportamentais aconteceram desde a "idade da pedra". A preocupação em preservar, recuperar ou pelo menos manter as paisagens, utilizando-as sem degrada-las, é quase uma utopia. Acredita-se sempre na capacidade regenerativa dos processos. Quase
todas as ações públicas são paliativas,
inócuas, visam interesses obscuros, ou simplesmente são
relegadas a um segundo plano. Talvez, até por falta de conhecimento
sobre a importância das questões ambientais para a sociedade.
Haja vista o Projeto de Preservação da Mata Atlântica
que atualmente está sendo votado no Congresso Nacional, por
acordo de Líderes.
Quando a Convenção da Biodiversidade foi aberta para a votação em 1992 pela UNCED (United Nations Fundamental Programme), Órgão das Nações Únidas (ONU), e entrou em vigor em dezembro de 1994, após ser ratificada por trinta nações, todos aqueles ocupados e preocupados com a evolução dos níveis de degradação ambiental no planeta ficaram entusiasmados e esperançosos de que a partir daquela época as agressões contra a natureza pudesse ser efetivamente controlada. Todavia, a realidade não é bem assim. Assim como na Convenção sobre as Mudanças Climáticas, este acordo foi negociado por um Comitê Intergovernamental Especial de Negociação, definido pela UNEP, que em níveis internacionais pouco pode fazer. As dificuldades para definir medidas reguladoras, que atendam vários interesses, quando assuntos ambientais são discutidos em reuniões internacionais, se mostram mais inócuas ainda. Neste sentido, mesmo com o empenhando de organismos como a UNEP, que desde 1980 vem atuando nestas questões, observamos que diversos aspectos das negociações permanecem obscuros e controversos. Como exemplo, podemos citar as questões relacionadas com a proteção da propriedade intelectual e da utilização dos produtos oriundos da biodiversidade, onde o conhecimento total da aplicação dos resultados oriundos de novas metodologias ou do desenvolvimento da biotecnologia, ainda nos é negado. A utilização de tais conhecimentos dentro dos atuais conceitos de globalização, com que nos deparamos diariamente, parece ter ficado restrito a apenas pequenos ramos das atividades mais lucrativas para os paises desenvolvidos. Apenas em alguns setores nos são liberados, como é o caso do setor das comunicações, onde os interesses econômicos transpassam os interesses sociais. Logicamente, não devemos contestar o desenvolvimento em algumas áreas, mas o ideal seria que ele acontecesse de forma mais harmônica, onde setores importantes como a conservação dos recursos ambientais, quer sejam terrestres ou marinhos, possam ser objeto de maior atenção por parte das autoridades devidamente constituídas. Não é cabível que as ações neste setor so comecem a ser colocadas em pauta, 11 anos após serem propostas. Será que tais autoridades estão mais sincronizadas com os ciclos solares dos que com os problemas cíclicos que nos afligem aqui na Terra. Ou será que outros interesses que não percebemos estão em jogo? MSC.
Agenor Cunha da Silva - agenor@biologo.com.br |
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