Dieta pode proteger da microcefalia: Estudo indica mecanismo biológico que pode tornar o organismo desnutrido vulnerável à microcefalia causada pelo vírus.
Dieta pode proteger da microcefalia
Fev/2020 :: por Gilberto Stam / Pesquisa FAPESP. Licença CC BY-ND 4.0
Durante a explosão de casos de microcefalia como consequência de infecção pelo vírus zika, entre 2015 e 2016, ficou evidente que as regiões com o maior número de notificações — um total de 18.282 casos — eram também aquelas com as condições de vida mais precárias.
Depois do esforço prioritário para demonstrar a relação entre a síndrome e o vírus, os pesquisadores se debruçaram sobre os possíveis mecanismos que, em resposta a fatores ambientais, diminuíam a resistência à infecção viral.
Um desses estudos, publicado nesta sexta-feira, dia 10 de janeiro, na revista Science Advances, indica, pela primeira vez, como o baixo consumo de proteínas pode ter estimulado a ocorrência da doença, com base em experimentos em camundongos.
“O efeito da dieta hipoproteica foi brutal, eliminando, em pouco tempo, a resistência dos animais ao vírus e sua capacidade de barrar a transmissão para a prole”, conta a neurocientista Patrícia Garcez, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenadora do trabalho, uma parceria entre Brasil, Argentina, Estados Unidos e Reino Unido.
Desdobramentos da febre zika
No experimento, fêmeas grávidas de camundongos com sistema imunológico saudável foram infectadas com o vírus e divididas em dois grupos: o controle recebeu uma dose adequada de proteínas na ração (estabelecido em 20% da dieta) e o segundo recebeu uma dieta com 6% de proteínas — uma restrição bastante aguda.
No segundo grupo, foi detectada grande quantidade de vírus zika no baço, órgão que filtra o sangue e retém parte dos microrganismos. Todos os fetos foram infectados e tiveram o desenvolvimento do encéfalo comprometido.
“A placenta apresentou regiões necrosadas e lesões vasculares que misturavam o sangue da fêmea e do feto, similares a lesões já observadas em humanos”, diz Patrícia.
Já no grupo controle, o vírus foi eliminado em apenas três dias após a infecção. A placenta não sofreu lesões, podendo assim cumprir sua função de barrar a transmissão do vírus aos fetos.
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