Família Moraceae, mesma do carapiá, dos Ficus spp., e de gêneros comuns na Mata Atlântica, como Sorocea que apresentam espinhos margens das folhas e espetam os pés de desavisados que andam descalços pela mata.
Mama-cadela
Brosimum gaudichaudii Tréc
Também desta família, a amora (Morus sp.), a jaca e a fruta-pão (Artocarpus spp.), exemplos de espécies introduzidas no Brasil que são bem conhecidas da população.
de Fernando Tatagiba * :: Mama-cadela pode ser encontrada na forma de arbusto ou arvoreta, atingindo até 4m de altura; possui ramos tortuosos e latescentes.
Folhas simples, alternas, de consistência bem firme, com pecíolo – “cabinho” da folha – curto, face inferior aveludada, nervuras principais amareladas na face superior, latescentes. A planta é monóica, ou seja, possui flores unissexuadas no mesmo indivíduo
As flores têm coloração verde-amareladas, são minúsculas, agrupadas na extremidade de pedúnculos pendentes das axilas das folhas, de maneira especialmente característica da espécie; os frutos são drupas, compostas pelo desenvolvimento e fusão dos ovários das diversas minúsculas flores reunidas, coloração alaranjada, alcançando 3 cm de diâmetro, comestível ao natural ou na forma de sorvete e doces.
Uso medicinal
Planta muito utilizada pelas populações do Cerrado, como espécie medicinal contra gripes e bronquites, como depurativo do sangue e em má circulação. A casca é comercializada em bancas de raizeiros da região.
Ainda que os estudos científicos a respeito dessa substância não estejam concluídos, de fato vem-se observando a repigmentação de áreas afetadas por vitiligo através de seu uso.
Alguns laboratórios goianos, paulistas e do Distrito Federal estão elaborando comprimidos, extratos, tinturas, pomadas e cremes com base nesta planta, que é também recomendada em estados natural na forma de chás. Está entre as plantas citadas por 90% dos raizeiros, em um trabalho etnobotânico realizado na região de Goiânia.
Outros usos
A madeira, quebradiça, leve e macia, tem aplicações na marcenaria, sendo recomendável o uso de indivíduos jovens na confecção de papel.
Tanto as folhas como os frutos integram a dieta de bovinos, o que lhe confere bom potencial forrageiro. Deve-se evitar retirar a mama-cadela em “limpezas” pastos, pois é ótimo complemento.
Outro possível uso é o das raízes como aromatizante de tabaco para cachimbo ou cigarro de palha, da mesma forma como os rizomas do carapiá.
As sementes têm taxa de germinação entorno de 95 %, em até 40 dias. Pode ser cultivada a pleno sol.
Substâncias da classe das furocumarinas, todas presentes na mama-cadela.
Todas estas substâncias apresentam capacidade fotossensibilizante. As furocumarinas são utilizadas desde é poças remotas para o tratamento de doenças com sintomas na pele pele, tais como psoríese, hanseníase, vitiligo, leucodermia, micoses, dermatite e eczemas. (Fonte: Leão et al. 2005)
Todas as fotografias são de Fernando Tatagiba, no Distrito Federal em 2 de dezembro de 2006.
Referências: Mama-cadela
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• ALMEIDA, S.P.; PROENÇA, C.E.B.; SANO, S.M.; RIBEIRO, J.F. , 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina: EMPRAPA-CEPAC.
• Leão, A. R.; da Cunha, L. C.; Parente, L.M.L.; Castro, L. C. M.; A. C.; Carvalho, H.E.; Rodrigues, V. B. & Bastos, M.A. 2005. Avaliação clínica preliminar do Viticromin em pacientes com vitiligo. Revista Eletrônica de Farmácia vol. 2 (1), 12-23, 2005. www.plantamed.com.br/ESP/Brosimum_guadichaudii.htm
• Luciana Melhorança Moreira Añez, , Epifania Rita Vuaden1, , Suzinei Silva Oliveira1, , Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque e Maria de Fátima Barbosa Coelho5. TEMPERATURAS PARA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MAMA-CADELA (Brosimum gaudichaudii TREC – MORACEAE). www.ufmt.br/agtrop/Revista6/doc/10.htm.
• Barroso, G.M; Peixoto, A.L.; Ichaso, C.L.F.; Guimarães, E.F. & Costa, C.G. 2002. Sistemática de Angiospermas do Brasil. Volume 1. 2a Ed. Viçosa:UFV.
MARIA INÊS CANAAN DE OLIVEIRA; MAGALI BORGES DE OLIVEIRA. IDENTIFICAÇÃO, QUANTIFICAÇÃO E DETERMINAÇÃO ESTRUTURAL DE ÓLEOS ESSENCIAIS PARA AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA E TOXICOLÓGICA
• Silva, D.B. da; et al., 2001. Frutas do Cerrado. Brasília: Emprapa Informação Tecnológica.
• Silva Júnior, M.C. et al. 2005. 100 Árvores do Cerrado: guia de campo. Brasília, Ed. Rede de Sementes do Cerrado, 278p.
• Souza, V.C. & Lorenzi, H. 2005. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa-sp, Instituto Plantarum.
• Vidal, W.N. & Vidal, M.R.R. 1990. Botânica – Organografia. 3a Ed. Viçosa, UFV.
Fernando Tatagiba, Msc. tatagiba@biologo.com.br – Biólogo/botânico :: Plantas do Cerrado
* Artigo originalmente publicado no Biólogo em 02/12/2006