Pirarucu: entenda como a espécie, considerada uma iguaria culinária, resiste à pesca e à degradação ambiental.
Pirarucu, o peixe gigante
16/4/2021 :: Por Josué Fontana
O pirarucu (Arapaima gigas) é um peixe espetacular em diversos aspectos — a começar pelo tamanho. Pode passar dos três metros e seu peso pode chegar até 330 kg.

Possui dois aparelhos respiratórios, as brânquias, para a respiração aquática e a bexiga natatória modificada, especializada para funcionar como pulmão. A respiração aérea é fundamental para sua sobrevivência, principalmente durante a temporada seca.
Os pirarucus formam casais, procuram ambientes tranquilos e preparam seus ninhos, reproduzindo durante a enchente. É o macho quem fica por cerca de seis meses para proteger a prole.
É encontrado em lagos e rios de águas claras com temperaturas que variam de 24 a 37 °C geralmente na bacia Amazônica, em áreas de várzea, onde as águas são mais calmas. Não é encontrado em zona de fortes correntezas e águas ricas em sedimentos.
Conservação – Como o Arapaima resiste
Esse notável peixe tem uma particularidade que o fragiliza — sua carne é considerada uma iguaria. É conhecido como o “bacalhau da Amazônia”. Além disso, os cuidados com os ninhos após a desova os expõe à fácil captura com redes de pesca ou arpão.
Hoje, a pesca do pirarucu é proibida no Brasil, menos em áreas com acordos de manejo comunitário.

Focado no rio Juruá e lagos circunvizinhos no estado do Amazonas, no norte do Brasil, um programa implementado pelo Instituto Juruá há mais de uma década introduziu um censo populacional anual e calcula cotas de colheita sustentáveis para cada lago no ano seguinte. Não mais que 30% dos peixes adultos.
A colheita só é permitida entre agosto e novembro. Qualquer peixe menor que 1,55 metros de comprimento é devolvido à água. Além disso, as comunidades locais protegem as entradas dos lagos para afastar os pescadores ilegais.
Iniciativas assim ajudaram a proteger a espécie da extinção, mas também geram benefícios sociais com a renda da pesca comunitária.
Estudos:
- Sawaya, Paulo (1946). «Sôbre a biologia de alguns peixes de respiração aérea.(Lepidosiren paradoxa FITZ. e Arapaima gigas CUV)». Boletins da Faculdade de Philosophia, Sciencias e Letras, Universidade de São Paulo. Zoologia
- Imbiriba, Emir Palmeira (2001). «Potencial de Criacao de Pirarucu, Arapima gigas, em Cativeiro» (PDF). Acta Amazonica.