início bocadomangue Mario Moscatelli

MEU NOME É DESPERDÍCIO - Nasci nas entranhas da ignorância, da pilhagem e do desejo de destruir

Essa palavra poderia ser o nome de nossa civilização. Melhor ainda poderia ser o nome do Bra$il!

Observando as mais recentes tragédias ambientais e econômicas ocorridas em minha periferia visual, chego a antiga conclusão que somos geralmente administrados por miseráveis canalhas que nada temem.

Iniciando pelas mais recentes trinta e três mortes decorrentes das chuvas torrenciais que ocorreram novamente na região serrana do estado do Rio de Janeiro e da cara de pau dos administradores “púbicus” que não foram capazes de construir nem ao menos uma casa desde a maior tragédia ambiental ocorrida na mesma região em janeiro 2011, pouco tenho à acrescentar. Pior do que a tragédia em si, é a aparente passividade das vítimas que esboçam pouca reação diante de tamanha calhordice do “puder pubicú“ e de seus representantes eleitos pelo voto direto.

Não é nem com eles e com a mesma cara de pau da tragédia passada, na atual aparecem na missa de sétimo dia com aquela carinha consternada de santinhos do pau-ôco. Enquanto isso, as vítimas do morro do Bumba em Niterói, continuam aguardando seus novos imóveis, fato que deverá demorar mais alguns meses, visto que os prédios construídos com verbas públicas estão sendo demolidos por falta de segurança em conseqüência das múltiplas rachaduras que apareceram após as chuvas.

Tudo na maior normalidade dentro da ótica das obras públicas, superfaturadas, mal executadas e toma-lhe imposto até no ar podre que se respira. Aí aparece essa do estádio do Engenhão que ameaça desabar sua parte superior visto que a obra foi feita nas coxas como toda obra pública, pois sabe como é, o patrocinador das campanhas eleitorais sempre tem razão ou sempre está isento de qualquer responsabilidade diante de seus apadrinhados. Parece que como já se passaram cinco anos da construção agora o prejuízo fica na conta do município, isto é, do carioca otário que paga impostos.

Junta esse rombo com o prejuízo que o recém eleito vereador e ex prefeito gerou com a tal Cidade da Música que virou Cidade das Artes, nome mais adequado para um lugar onde os políticos pintam o sete com o dinheiro público e veja só o tamanho da trolha que nós colonos otários e cornos mansos vamos tomando no bolso e na b...

Esses caras do “puder pubicú” ou foram reprovados em matemática básica ou tem algo muito errado, muito grande por trás desses constantes erros de custos de obras públicas que já viraram um pandemia de proporções épicas na cidade do Rio de Janeiro. Não tem uma obra pública, ultimamente no Rio de Janeiro, que não fique duas, três, quatro, cinco ou sei lá quantas mais vezes superior ao custo inicial informado. Além de mais caras, normalmente são obras que precisam ser refeitas, pois são mal executadas. Exemplo mais recente além do estádio do Engenhão é a via Trans Oeste onde já desmoronou parte do túnel da Grota Funda e agora estão tendo de estaquear a via recém inaugurada pois a pista está afundando na mistura de silte, argila e turfa, característica daqueles solos hidromórficos de Guaratiba e periferia.

Será que nossos engenheiros não sabiam onde estavam construindo a porra da estrada? Ou foi a pressa de inaugurar a obra antes das eleições que agora FODE, AZUCRINA a vida de milhares de cornos mansos que precisam trafegar mais oito quilômetros para contornar o bloqueio gerado pela obra emergencial que gerou mais essa lambança? Ou foi a eterna certeza da IMPUNIDADE? Ou foram todas as demais opções acima? 

Mas não tem nada não, pois o governo federal tem aprovação de 63%, ex- prefeitos, ex-governadores e ex-governadoras continuam sendo eleitos pelo voto popular de um bando de analfabetos funcionais e toma- lhe trolha. Entre um desastre natural e artificial, os governos estadual e municipal estão todos empenhados nos grandes eventos que vão enriquecer mais ainda os de praxe com resultados duvidosos para a cidade e seus moradores. Mas esses últimos estão muito felizes, em seus transportes individuais com automóveis de última geração, engarrafados durante horas para chegar e voltar de seus trabalhos ou encaixotados em trens, barcas e ônibus fedorentos e superlotados sem qualquer conforto, todos esperançosos pela Copa das Confederações, pois afinal não há quem possa com nosso povo!

Pode escrever que os estádios estarão entupidos, com cambistas agindo à vontade e gente se engalfinhando para conseguir os ingressos. O pessoal daqui é assim, infelizmente para os que raciocinam e para a felicidade da escória da humanidade que nos desgoverna.

Além dos desperdícios acima, existe o desperdício da água tratada onde boa parte da mesma se perde na rede que leva a mesma da estação de tratamento para cada domicílio. É vazamento pequeno, médio, grande e vai vazando água tratada pelo ralo, pela latrina, pela drenagem de água pluvial. Afinal nós podemos, visto que somos uma potência de água doce mundial onde 1/3 da população não conta com qualquer serviço de coleta e tratamento de esgoto e conseqüentemente o “marrom bombom” escoa feliz, feliz para os rios, lagoas, baías etc etc etc. Por onde eu olho vejo desperdício.  

MEU NOME É DESPERDÍCIO
Bosta concentrada (rio Sarapuí) e bosta diluída em sedimento (rio Iguaçú)

O desperdício mais grave é o do futuro de milhares e mais do que milhares de jovens que não tem qualquer chance de subir socialmente e economicamente com a merda de ensino que lhes é oferecido pelo nosso tão amado “puder púbicú”. Mas como já disse dezenas de vezes, tudo, degradação, falta de qualidade na educação, falta de qualidade nos transportes, na saúde oferecida, superfaturamento, atrasos nas obras para os grandes eventos, tudo é intencional, nada acontece por acaso, pois tenham certeza que por onde há desperdício tem gente ganhando muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito dinheiro, fora e principalmente dentro “du guvernu” seja a quadrilha que estiver mandando pelo voto dos analfabetos funcionais. Voei no início de março pelo Olho Verde no hospício ambiental, caos, ou o nome que queiram dar para a região metropolitana do Rio de Janeiro. Lixo, esgoto por todo lado associado ao óleo que continua escoando do rio Pilar em Duque de Caxias.

Sinceramente, como um dos componentes da Aliança Rebelde, confesso que diante da magnitude das forças do Império, fico na dúvida de uma remota vitória do lado luminoso da Força no curto prazo de tempo. A única coisa que posso garantir que enquanto houver energia estaremos combatendo a horda de degradadores e siths que insistem em exterminar com a biodiversidade local.

Vocês podem até pensar que estou delirando, mas quem delira são os que tratam o meio ambiente da forma que eu acompanho e combato diariamente bem como pelos que assistem a tudo isso e nada fazem.

Que a Força esteja com vocês, pois aqui fora chove cântaros de água e não vai demorar muito para dar mais alguns desabamentos, soterramentos, mortes,desabrigados que vão continuar desabrigados sabe-se lá por quanto tempo e políticos afoitos em aparecer na mídia mostrando sua teórica preocupação com as conseqüências de sua eterna e intencional inoperância, geralmente atribuída aos antecessores.

Mario Moscatelli - Biólogo - MSc. em Ecologia

Fotos feitas em abril de 2013



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