Acompanhando as reportagens nas rádios, jornais e tvs, eu tinha a clara impressão que estava assistindo uma típica reunião de condomínio, daquelas onde a culpa é sempre do vizinho e naquele bucólico encontro é o momento das desforras pessoais e outros problemas de natureza psico-sócio-patológica.
Não dava para entender nem tão pouco aguentar nossa representante durante as negociações com aquela cara de saco cheio e dizendo que não íamos colocar nem um centavo em qualquer fundo internacional, pois somos um país pobre!
Me corrijo. É claro que dava para entender a presença da chefe da casa civil a frente das negociações, visto que é candidata ao posto do cefalópode e o evento era uma ótima oportunidade de mostrar sua eficiência ao nível internacional. Mas o tiro saiu pela culatra, já que a mesma não deve saber diferenciar amendoeira de goiabeira.
Infelizmente a conferência longe de querer de fato buscar uma solução factível e urgente para a questão climática planetária transformou-se num circo de horrores e de exibicionismos de nossos “líderes” mundiais. Bela porcaria de líderes, completamente míopes diante do que se aproxima. Mas destaco que a miopia é generalizada. Quase todos estamos completamente cegos!
O que dita, como sempre, os caminhos a serem seguidos são os interesses dos mercados, do fluxo do dinheiro, baseado numa lógica de consumo insustentável para a nossa realidade planetária. Segundo os que mandam no mercado, o sistema econômico só anda se for desse jeito, tomando, excluindo e consumindo mais do que o planeta pode fornecer e sem dúvida somos a maior ameaça ao mesmo.
Existem soluções técnicas? Não tenho a menor dúvida! Formas de energia limpa, comida para quem passa fome, saneamento para quem vive na “merda”, todas as chagas que presenciamos todos os dias estão a um passo de serem resolvidas, mas infelizmente o dark side é poderoso e nos domina, dentro e fora de nossas casas e vidas.
Quando ouço que vamos controlar o desmatamento da Amazônia, fico pensando da seguinte forma: Como fazer isso, com os meios disponibilizados até o momento? O poder público não consegue eliminar nem os lixões de Duque de Caxias que eu canso de fotografar e denunciar por estarem aterrando o que restou dos manguezais locais, como vão dar conta daquela imensidão?
Infelizmente a ficha não caiu. Extensas áreas do território nacional são a terra de ninguém, ou melhor de alguns poucos, onde o poder público não é nem miragem e, portanto se de fato quiserem paralisar os desmatamentos, não tenho qualquer dúvida que isso vai depender de um enfrentamento à bala. Sim, uma guerra, com o uso das forças armadas. Caso contrário continuarão sendo centenas de quilômetros quadrados de todos os biomas brasileiros sendo torrados, transformados em pastos ou em monoculturas.
Não tenho dúvida que por meio de nosso atual ministro de meio ambiente, um exímio negociador, estávamos muito bem representados, mas o buraco é mais embaixo e depende de uma coisa que em nosso país continua praticamente inexistente, que é massa crítica. Destaco que a ausência de massa crítica não é só sobre o meio ambiente não, mas sobre inúmeros outros assuntos que atingem mais claramente e diretamente no momento a vida da população e pouco se vê dela qualquer reação. Imagine então quando se fala erroneamente de alterações que serão mais sentidas para o final deste século! O problema que no meu entender não será para o final do século, mas para as próximas duas décadas a resposta em gênero e grau do planeta para com nossa irresponsabilidade. |