início bocadomangue Mario Moscatelli

AINDA HÁ TEMPO?

Nos distanciamos da casa e dos processos que nos originaram. Vivemos em outra realidade, dependemos de muitos serviços e produtos completamente supérfluos, mas que são fundamentais para a manutenção dos mecanismos que movem as engrenagens da tal economia que manda e desmanda. Cria guerras, invade e isola nações, inventa ameaças, desmente os fatos, enfim faz o que quer do pobre planeta e do futuro.

Nesse pequeno planeta perdido num dos braços externos de nossa galáxia, no braço de Órion, a resistência da vida já foi testada inúmeras vezes desde seu ainda enigmático surgimento.

Alterações no eixo do planeta, congelamentos, desertificações, erupções vulcânicas planetárias, choques com rochas vindas do espaço, tudo sempre agindo como verdadeiros arrasa quarteirões, dizimando a biodiversidade “do pedaço” e dando espaço para novos “softwares orgânicos” serem testados nas novas condições ambientais existentes. Somem muitos para reaparecerem tantos outros completamente diferentes ou com alguma semelhança com aqueles que se foram. Tem sido assim a história da vida na Terra, um lugar aparentemente tranqüilo sob a modesta e míope ótica temporal e espacial humana onde na verdade a palavra que manda é mudança constante .

Há pouco tempo percebemos que a vida nesse planeta surge de um conjunto de fatores conjugados que parecem aquela situação onde se acerta a quina da loto, apostando em apenas seis números. A probabilidade é infinitamente reduzida, mas existe e foi nessa que esse pedaço de rocha, foi quase que digamos abençoado pela matéria que quer conhecer a matéria, vasculha-lá, principalmente quando nos referimos a espécie humana. A mesma que vasculha os confins do Universo, salva vidas, mas que pela fase de adolescência que ainda atravessa, também  toma atitudes genocidas com as outras e com a própria espécie. Os motivos do genocídio são os mais variados possíveis, variando basicamente dos religiosos, étnicos e principalmente por trás de todos os possíveis e imagináveis, os econômicos.

Todo esse blá, blá é basicamente para dizer que segundo o que eu acompanho tanto em minha cidade como pelas notícias veiculadas pelas mídias, eu particularmente considero que a fatura da extinção em massa tão comentada já era. Vão continuar desaparecendo na velocidade de 1000 vezes acima do processo chamado de natural, espécies animais, vegetais, microorganismos, em decorrência das ações de natureza humana. Podem espernear quanto quiserem, pois a vaca está afundando no brejo, queiramos ou não e a grande maioria não está nem aí para o assunto, principalmente quando analisamos as ações concretas fora das conferências disso e daquilo. Se retórica salvasse alguma coisa, sem dúvida o planeta estaria com excesso de biodiversidade, exportando para outro planeta,pois fala-se muuuuuuuuuuuuuuuuito, dentro de casa, fora dela, na TV, no boteco da esquina mas a tal vontade social e política para as mudanças reais, ainda anda de férias no paraíso da economia e das bolsas de valores.

Mais uma vez me apoio para essa amarga conclusão é naquilo que eu vejo, não é o que me contam, e pelo que eu leio.

Dessa vez não foi nada de fora, fomos nós com nosso modelo de civilização baseada no tal atrativo e agradável consumismo é que vai continuar detonando com os mecanismos homeostáticos do planeta e que se danem as atuais gerações e as futuras. Essa é ainda nossa realidade prática. Muuuuuuuuuuuuuuita retórica mas ação que é boa, nada!

Diziam que as conseqüências das alterações climáticas seriam para daqui há cem anos e progressivamente as estimativas vêm baixando, sendo que em 2009 já li que a explosão da bomba pode ser para daqui há 15 ou 20 anos!

O que vai acontecer com o tamanho do prejuízo, conseqüências geopolíticas, o pentágono já alertava na segunda reeleição do presidente bancado pelas empresas petrolíferas era que a coisa ia ficar mais do que feia! O pior é que o tal estudo indicava alterações climáticas que “poderiam” gerar seca na Amazônia e intensificação de furacões no golfo do México. Não deu outra, Katrina destrói Nova Orleans e a Amazonia fica seca que nem o sertão.

Sabe-se lá mais o que glaciologistas e pesquisadores de ponta e demais agências de governo devem saber e ficam na moita, apenas agindo sem informar aos imbecis que vivem fora da realidade o que vem por aí.

O que fazemos com a vida do planeta não é nenhuma novidade por aqui. Simplesmente somos a força que no momento está exterminando o que consideramos descartável em nossa ótica de usar até acabar.

Cabe saber se nesse processo como vai ficar a espécie humana. Não tenho dúvida que vai ter gente que vai sobreviver e depois de acalmar a fúria de Gaia, talvez repensemos nossa relação com o planeta.

 HÁ TEMPO? QUANTO TEMPO?
> "As fotos silenciosas dizem tudo...". Veja!

aquecimento global

Só que a civilização como nós a conhecemos, fruto da estabilidade ambiental dos últimos tempos, pode já ir acostumando com a idéia de mudança.

Mas vai ver que tudo que escrevi nessa noite é uma grande asneira e tudo vai continuar funcionando do jeito que funciona e que os problemas que surgirem serão resolvidos pelos experts.

Eu por minha conta vou subindo a serra, aguardando talvez um futuro amargo que só exista em minha cabeça.

Tomara!

Em tempo, o editorial do jornal O GLOBO de 26 de agosto de 2009, destaca sob o tema “URGÊNCIA CLIMÁTICA” relembra que Rajendra Pachauri, diretor do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas que resume o dilema: “O que fizermos nos próximos dois anos ou três anos, determinará nosso futuro”. Detalhe que o alerta do diretor é de dois anos atrás, isto é, a base da ladeira está quase chegando na nossa cara. Enquanto isso rola muuuuuuuuuuuita masturbação na ECO 92, Kioto, em dezembro próximo rola Copenhague e de fato:

1-O Glaciar da Chacaltaya na Bolívia é a primeira estação de esqui que sucumbe oficialmente além de importante contribuinte que abastece a cidade de La Paz;

2-A temperatura média dos oceanos em julho, 17 graus, bateu recorde em 130 anos de monitoramento;

3-No Ártico, a temperatura da água está quase 5 graus acima do normal;

4-No Ártico o metano congelado começa a se desprender sendo identificado diluído, por enquanto, na coluna dágua. Se chegar à atmosfera, destaca-se que o tal metano poderá desequilibrar as equações e modelos de alterações climáticas de forma dramática.

Vou parar por aqui, pois tenho certeza que o que nos chega é fichinha e tenho certeza que as conferências vão continuar junto com as retóricas dentro e fora da casa, até o dia que a casa vai cair ou afundar.

Mas vai ver que sou eu que estou exagerando. É, façam suas apostas e arrisquem seus futuros.

Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br - . . . . . . . . . . . www.osvinhos.com.br . . . . . . . . o global

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