início bocadomangue Mario Moscatelli

DOIS MUNDOS

Parece que, a tragédia política de Pindorama não tem fim, tão pouco ela como também adicione-se a mais completa falta de vergonha na cara da quadrilha política nacional.

Confesso que usando o termo quadrilha em artigos anteriores, eu ficava me questionando se eu não estava carregando nas cores em virtude de minhas origens alienígenas anarquistas. Infelizmente depois de ler a entrevista do senador pernambucano na Veja pré-carnavalesca, concluo que além de ser cagão, ainda necessito de um choque de realidade para qualificar essa quadrilha que se apossou do denominado poder público em Pindorama há quatrocentos anos de outros adjetivos menos técnicos e nobres.

Reitero que o calvário da falta de vergonha nacional dessa quadrilha é inenarrável. Foi a eleição do corregedor com “vício da amizade”, agora é o ex-presidente caçado que vai tomar conta do orçamento do senado federal, coisa de salvo engano, DOIS PONTO OITO BILHÕES DE REAIS! Juro que me contorço todo para saber o que os caras fazem com tanto dinheiro para manter aquela gaiola das loucas! Tem que ter muita imaginação e tempo para pensar nos destinos menos nobres possíveis para tanta grana! E o produto para esse oceano de dinheiro? Nada! Só fofoca, CPI que em geral não acaba em porra nenhuma, normalmente visando a autopromoção ou sacanear de algum jeito os desafetos. Assuntos tais como a reforma tributária e a reforma política, isso nem pensar, pois do jeito que está, está ótimo!

Depois do que foi dito na reportagem da Veja, esquece, pois o sistema político brasileiro está todo, completamente apodrecido e com a certeza que numericamente o que presta no congresso nacional não vai ter força suficiente para reverter a infecção generalizada.

Os antigos agentes da moralidade de um passado não muito distante que arrotavam em plenário verdades absolutas, andam quietinhos, sumidos, completamente acossados seja por pilantragens descobertas em escândalos recentes, devidamente absolvidos é claro, ou satisfeitos com os resultados de sua mais e completa ineficiência política e silêncio.

Por outro lado a docilidade da sociedade brasileira é de fazer qualquer ditador genocida de algum território perdido ficar com inveja. Passou o carnaval e o que se via e sentia mesmo era muito pinto e urina despejada pelas ruas e muros da cidade do Rio de Janeiro. Mas parece que ninguém mais se liga para porra nenhuma e vivemos num estado catatônico onde a tal marolinha de nosso cefalópode nunca vai nos alcançar e, portanto vamos nos acabar nos blocos de rua.

Acho que em virtude desse espírito eternamente festivo que reina em boa parte de nossa colônia, poderíamos estabelecer em seu território um gigantesco e permanente parque temático. Por exemplo: Se você quisesse curtir festas constantes, trios elétricos, você iria para os estados do Nordeste. Não haveria mais trabalho por lá, apenas festas, dia após dia, até o juízo final! Se, no entanto, você é daqueles que ama a Natureza e se mostra revoltado com a destruição da Amazônia, um tour ecológico o largaria numa daquelas inúmeras cidadezinhas perdidas no meio da floresta, onde o poder público não passa de uma miragem e ali você teria a oportunidade de lidar com os posseiros de um lado e grileiros do outro, numa reunião super animada onde todos poderiam aprender alguma coisa sobre educação ambiental.

Dois mundos
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Se por outro lado você quisesse putaria, sacanagem e todo tipo de desvio comportamental, sua viagem seria para o chamado “districtu federau”. Lá você poderia conhecer as maracutaias das engrenagens governamentais, as festinhas noturnas com as putas mais bem perfumadas de Pindorama, casos com amantes, pagamentos de propinas, mensalões, mensalinhos, enfim o que você pudesse imaginar de putaria com dinheiro público estaria lá ao vivo para você presenciar e quem sabe até participar se candidatando como o pústula da vez! Finalmente querendo participar do parque temático dos babacas, vulgo contribuintes, você seria obrigado à pagar o tour e ser enrolado desde o princípio, pagando por tudo e não levando absolutamente nada. Iria ao hospital com inflamação no dedo e de tanto esperar sairia do mesmo com infecção generalizada, sendo que se reclamar tem direito de levar umas boas porradas na cara para aprender onde é seu lugar.

Enfim é isso, mais o tempo passa, mais os políticos brasileiros têm a certeza que a sociedade brasileira em geral é constituída por um bando de bundões politicamente analfabetos. Sabendo desse estado letárgico mental, sabem que podem empurrar na b. de todos que não vai pegar nada para os colegas. Pode até acontecer algum desentendimento “mumentaneo” mas tudo se acerta num dia ou no outro com um carguinho aqui ou acolá. Não fosse a imprensa, estaríamos completamente ferrados.

Se tiverem alguma paciência vejam a manchete do jornal O GLOBO do dia 05 de março de 2009 que dizia: “ JUÍZA INVESTIGADA PELA PF POR CORRUPÇÃO É PROMOVIDA – Decisão do TRF em Brasília foi aprovada por unanimidade: 19 votos a zero ” e ainda tinha na rebarba a foto da despedida do ex-diretor do senado, sendo ovacionado por cerca 250 funcionários homenageando com palmas e lágrimas a saída do morador da mansão de 5 milhões de reais. Lá pela página 03 o jornal estampa: “ Collor volta com Renan e Sarney” e tudo continua do jeito que sempre esteve.

Não há dúvida que maior que o descaramento da “muderna” corte de Brasília é a frouxidão da sociedade brasileira que a tudo assiste e a quase nada reage.

Enquanto isso o OLHOVERDE do mundo real, longe do poder e de suas cortes palacianas com “baba uevos”, aspones e laranjas, relata as fotos do sobrevôo de março de 2009 onde tudo continua naquela situação de sempre.

Fui.....

Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br - . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . o global

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