Fui testemunha ocular desta morte (genocídio) fruto da incompetência, da falta de vontade política e certeza da impunidade dos governanantes que por aqui passaram, bem como de toda a sociedade que lhe destinaram a função de cloaca e lata de lixo da baixada de Jacarepaguá.
Simplesmente infartou de tanto lixo e lama que lançaram em seu corpo dágua moribundo e fétido, tomado por resíduos e detritos de toda a espécie onde 80% de seu espelho dágua simplesmente desaparecem na maré baixa transformando a lagoa num valão de esgoto raso é fétido.
O odor pútrido que exala de seu corpo é incomensurável como também o é a quantidade de cianobactérias que se espalham sobre o que sobrou daquele ecossistema. Nessa manhã de maré baixa, 127 pneus, 1 caixa dágua entre milhares de sacos de lixo, decoravam seu corpo moribundo com claros sinais de falência múltipla de órgãos.
Longe do marketing político onde tudo melhora à olhos vistos, a realidade dos ecossistemas metropollitanos é a antítese prática dos discursos otimistas.
Afundamos em lixo e fezes. Sinceramente se não mudarmos radicalmente nossa relação com o ambiente, estaremos fadados ao mesmo final que vejo acontecer com manguezais, lagoas e baías.

Situação da Lagoa da Tijuca na sua região central - foto de 21/09/2010
Hoje é travada uma guerra diária entre a impunidade e a cidadania, onde essa última, acoada, perde espaço para os salvadores da pátria de horário nobre.
O enterro já está sendo executado há três décadas. A lagoa deixa milhares de organismos sem ambiente, vários órfãos, várias esposas e maridos sem seus pares.
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