início bocadomangue Mario Moscatelli

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Enquanto o cerrado brasileiro, a savana mais rica em biodiversidade do mundo vira pasto, plantação de soja e outras finalidades, digamos mais economicamente valorizadas pela nossa sociedade, vamos retomar o seguinte raciocínio:

1. Descobriu-se que no litoral da Namíbia (África), sem motivos aparentes, milhares de toneladas de peixes morriam e o mar ficava meio amarelado e fedorento. Estuda daqui e de lá, os pesquisadores chegaram às causas e conseqüências do evento. Pescou-se o que se podia e principalmente muito além do que se podia no litoral da região. Quem pescou, pescou. Quem não pescou, não pesca mais, pois os estoques foram esgotados pelas frotas de pesca estrangeiras. Tendo menos peixes, principalmente sardinhas, o fitoplacton, sem predadores, aumentou sua densidade e quando morre, indo ao fundo, também aumentou a produção de metano e sulfetos no fundo. A partir da alteração da pressão atmosférica, produto de alterações climáticas, centenas de quilômetros da costa africana apresentam a liberação de grandes volumes de gases que além de poderem ser detectados do espaço e matar o que sobrou da fauna marinha também liberam metano para a atmosfera, desequilibrando mais ainda a equação mais do que esculachada do aquecimento global.

2. Como já indicado em artigo anterior há mais metano para ser liberado para a atmosfera, tanto aprisionado na matéria orgânica vegetal, até então congelada, existente no extremo norte do planeta, como no fundo do oceano Ártico, onde apenas a alteração de um ou dois graus é capaz de libertar esses até então esquecidos depósitos por nossas equações. A coisa é tão feia que estima-se que em 2030 no inverno o oceano Ártico não terá mais gelo e aí, sabe-se lá o que irá acontecer.

3. Os desmatamentos na floresta Amazônica apesar de apresentar reduções, ainda representam áreas gigantescas e conseqüentemente a eliminação de dióxido de carbono continua em alta bem como a redução dos estoques de carbono existentes nas florestas.

4. Com toda essa quantidade de carbono na atmosfera a chuva que cai é ácida e acidifica os oceanos. Com a acidificação dos oceanos, fitoplacton e demais organismos que seqüestram carbono perdem sua capacidade de absorver o elemento e aí além da perda de biodiversidade causada pelo colapso dos recifes de corais, também esculhambamos mais um dos mecanismos de controle do carbono no planeta. Desse jeito vai ficando cada vez mais complicado de reverter ou reduzir as conseqüências de tamanho bombardeiro aos sistemas de homeostase planetários.

5. A Índia um dos países da chamada economia emergente já avisa que até 2030 suas emissões de carbono deverão triplicar.  Aí entra uma conta de emissão per capta por habitante e números, como sabemos, dependendo de como os apresentemos, podem indicar o que nós quisermos.

6. Mais localmente, enquanto o encontro de Copenhague não chega,fala-se muito dos futuros legados, mais uma vez, que serão trazidos, caso o Rio de Janeiro em 2016, seja selecionada como sede das Olimpíadas. Eu tenho alergia desses tais legados, visto que nos jogos Pan Americanos, os mesmos devem ter ido parar no bolso de alguns afortunados, pois para a cidade, principalmente do ponto de vista ambiental, o resultado foi uma propaganda mentirosa, pela qual todos pagamos e não levamos. No entanto para as Olimpíadas, eu alimento a esperança do marido corno e manso, que dessa vez vai ser diferente. E precisa mesmo ser! Pois como poderá ser visto no relatório fotográfico do OLHO VERDE em anexo, quase nada mudou, e quando mudou em geral foi para pior. Infelizmente nossas autoridades, além das inaugurações e projetos, continuam fazendo vista grossa para o passivo existente anteriormente e que só faz crescer.

Solução existe mas falta a tal vontade política, a mesma que desapareceu com o TAMIFLU e que vendeu uma situação de tranqüilidade que é claro não existia. Como no caso das mortes provocadas pelo dengue, agora as mortes geradas pela H1N1 e principalmente pela falta de “habilidade” “du guvernu”, vão ficar por assim mesmo, até porque o lema da humanidade e principalmente da brasileira é: “Se der merda não é comigo”.

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aquecimento global

Nesse lema, principalmente levado a cabo em escala mundial, onde sempre eu degrado ou degradei menos do que os outros e agora eu tenho direito de emporcalhar o que os outros ainda não emporcalham, enfim assim vamos ladeira abaixo.

Quando sobrevôo o Rio de Janeiro e vejo aqueles rios, lagoas e baías como imensas cloacas entupidas por esgoto e sinto o cheiro de merda lá do alto, bate um sentimento que estamos muito próximos daquele ponto onde não há mais volta. Você sobrevoa as favelas que parecem não ter mais fim, parecendo a cidade das máquinas do MATRIX, sei lá, como reverter toda essa situação? Principalmente com essa classe política que aí está? E a falta de pressão da sociedade, mesmo dos setores mais abastados, com boa educação e acesso a informação?

Temos alguns bons exemplos, mesmo em nossa cidade de reversão do processo de degradação. A balneabilidade em alguns pontos da lagoa Rodrigo de Freitas, o incremento de sua biodiversidade, enfim mostram que somando pressão da sociedade a vontade política aparece e os problemas são resolvidos.

Mas volto ao artigo anterior. Será que há ainda tempo, quanto tempo para reduzir os impactos de nossa irresponsabilidade?

Fico estressado, mas continuo no combate em suas várias facetas, sociais,ambientais,políticas e econômicas que envolvem essa guerra que se perdida irá transformar nossas vidas, talvez para melhor, quem sabe?

Meu instinto me diz que estamos no final da festa e parece que em breve teremos obrigatoriamente de buscar outros caminhos.

Boa sorte.

Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br - . . . . . . . . . . . www.osvinhos.com.br . . . . . . . . o global

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