Mata Atlântica

#3 . A estrela da Mata Atlântica (Euterpe edulis Mart.)

A estrela da Mata Atlântica é uma palmeira que ocorre desde o Rio Grande do Sul até a Bahia, de densa copa, formada pelo conjunto de grandes folhas e por enormes bainhas verdes; alcançando de 10 a 20 metros de altura, possui estipe único delgado não estolonífero (incapaz de rebrotar na base). Espécie ombrófila, levemente higrófila; característica do estrato médio da Floresta (Reis et al . 1996), exerce grande importância na composição florística de matas ciliares e na conservação de áreas perturbadas (MEIRA NETO et al., 2003).

A Palmeira-Juçara, como é popularmente conhecida, produz grande quantidade de frutos em infrutescência com inúmeras ráquilas com inserção subfoliar (situada na base do palmito), os frutos quando amadurecem, adquirem a coloração preta e desprendem-se da infrutescência. No contexto ecológico a espécie tem importância significativa na floresta ombrófila densa por desempenhar papel fundamental na dieta alimentar de herbívoros vertebrados e invertebrados, podendo segundo SEOANE, et al . (2005), ser considerada como espécie-chave, pois seus frutos ficam maduros em uma época de escassez geral de alimentos.

A população do palmiteiro veem sofrendo grandes perdas com o processo de fragmentação das florestas (Nogueira-júnior, et al . 2003), além de ter sua regeneração natural drasticamente reduzida pela intensa exploração em virtude do alto valor alimentício e comercial do palmito. Devido ao fato da palmeira Euterpe edulis necessitar de seis a nove anos para produzir sementes, a retirada do palmito em indivíduos imaturos (sem apresentar qualquer sinal de florescimento ou frutificação), impede que a árvore complete seu ciclo reprodutivo, provocando assim, o seu desaparecimento da floresta. Por estes motivos à espécie encontra-se extinta em várias áreas de ocorrência natural.

A alternativa proposta por estudos do ponto de vista ecológico-econômico para impedir a extinção total, é o manejo silvicultural do palmiteiro. Contudo, com intuito meramente preservacionista a palmeira a pode ser amplamente usada na ornamentação de jardins, além de ser adequada para adensamento ou enriquecimento florestal , assim como para a utilização em sistemas agroflorestais.

Como cultivar o Palmito-Jussara

Germinação:

Para a propagação da espécie, os frutos devem ser colhidos quando atingem o ponto ótimo de maturação (coloração preta).

A testa oleaginosa da semente normalmente dificulta a germinação. É aconselhada a imersão por 1h em água e a sua remoção por meio de fricção contra peneira ou com areia úmida.

A semeadura pode ser feita em solo, areia ou vermiculita em temperatura entre 20ºC e 30ºC, em germinadores com fotoperíodo de 8hs, em sementeiras sob sombreamento ou mesmo em baixo de uma frondosa árvore. As sementes não devem ser armazenadas, pois possuem sensibilidade á perda de umidade e baixas temperaturas.

A germinação das sementes do palmiteiro é lenta e desuniforme, pode levar de 29 dias a mais de 14 semanas.

Produção de Mudas:

As mudas adaptam-se bem a porcentagens entre 20 e 70% de luz, desenvolvem-se com maior dificuldade em pleno sol ou sob intensa sombra.

Como a espécie é característica de matas ciliares, as regas devem ser diárias.

Pragas: o inseto mais importante é o coleóptero Rhyncochorus sp. O adulto deposita os ovos na base da folha mais nova do palmiteiro e a larva desenvolve-se alimentando-se das folhas internas, até chegar ao meristema apical, matando a planta. O palmiteiro também pode ser infestado por besouro da família Scolytidae, com danos leves. Doenças: as doenças podem ser causadas por 2 fungos que são facilmente controlados com fungicidas: Diplodia sp. e (queima preta) Triclariopsis paradoxa (IPEF, 2009).

palmeira juçara
"A germinação das sementes do palmiteiro é lenta e desuniforme..." - fotos: Cristina R R Koszo

Euterpe edulis
. . . . . .. . . . . .. . . . . . Euterpe edulis a palmeira Juçara da Mata Atlântica - fotos: Cristina R R Koszo

Literatura citada:

www.IPEF.com.br, 2009.

MEIRA NETO, J.A.A. et al. 2003. Origem, sucessão e estrutura de uma floresta de galeria periodicamente alagada em Viçosa-MG. Revista Árvore , v.27, n.4, p.561-574.

Nogueira Junior, L.R.; et al. 2003. et al. Influencia da umidade do solo no desenvolvimento inicial de plantas do Euterpe edulis MART. em floresta nativa Rev. biociênc., v.9, n.1, p.7-13.

REIS,A.; et al. 1996. Demografia de Euterpe edulis Martius (Arecaceae) em uma floresta ombrófila densa montana, em Blumenau (SC). Sellowia 45/48 :5-37.

SEOANE,C.E.S. et al. 2005.Efeitos da fragmentação florestal sobre a imigração de sementes e a estrutura genética temporal de populações de Euterpe edulis Mart. Rev. Inst. Flor , v. 17, n. 1, p. 25-43.

 

Leitura complementar:

AGUIAR,F.F.A. 1990. Efeito de diferentes substratos e condições ambientais na germinação de Euterpe edulis e Geonoma schottiana Martius. Acta Botanica Brasilica 4:1-8.

TAVARES, A.R. et al. 2008 Jussara palm seed germination under different shade levels . Hortic. Bras, vol.26 no.4.

ANDRADE,A.C.S. & PEREIRA,T.S. 1997. Comportamento de armazenamento de sementes de palmiteiro (Euterpe edulis Mart.). Pesquisa Agropecuária Brasileira 32: 987-991.

GALETTI,M. & ALEIXO,A. 1998. Effects of palm heart harvesting on avian frugivores in the Atlantic Rain Forest of Brazil. Journal of Applied Ecology, v. 35, p. 286-293.

LEÃO,M. & CARDOSO,M. 1974. Instruções para a cultura do palmiteiro (Euterpe edulis Mart.) Campinas: Instituto Agronômico. 18p.

MARCOS,C.S. & SILVAMATOS,D.M. 2003. Estrutura de populações de palmiteiro (Euterpe edulis Mart.) em áreas com diferentes graus de impactação na Floresta da Tijuca, RJ. Floresta e Ambiente , Rio de Janeiro, v. 10, n.1, p.27 - 37.

Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

NAKAZONO,E.M. et al. 2001. Crescimento inicial de Euterpe edulis Mart. em diferentes regimes de luz. Rev. bras. Bot. vol.24 no.2.  

NODARI, R. O. 1999. Crescimento de mudas de palmiteiro ( Euterpe edulis Mart.) em diferente condições de sombreamento e densidade. Revista Árvore , v. 23, n. 3, p. 285-292,.

PEREIRA,L.B. 1994. Palmito: Manejo Sustentado e Viabilidade Econômica. Florestar Estatístico , v. 2, n. 4, p. 13-15.

TSUKAMOTO-FILHO , A.A. et al. 2001. Aspectos fisiológicos e silviculturais do palmiteiro (Euterpe edulis Martius) plantado em diferentes tipos de consórcios no município de Lavras Minas Gerais CERNE, V.7, N.1, Pg.041-053.

Cristina R R Koszo. - koszocristina@yahoo.com.br
Bióloga - Mestre em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente.

 
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