bocadomangue
Mario Moscatelli
a Revolta das Gigogas...
Passava eu de moto no elevado do Joá naquela manhã de segunda-feira, dia internacional da água, quando pude perceber que o sistema lagunar já de saco cheio de tanta promessa e mais ainda da falta de competência e vontade política das "auturidades", resolveu botar para quebrar e "comemorar" de sua maneira aquele dia. Era gigoga (Eichhornia crassipes) por todo lado, dentro das lagunas do Camorim, Tijuca e Marapendi, no canal do Joá, no quebra-mar, no mar e com a ajuda dos ventos que vinham de sul, foi gigoga parar até a Princesinha do Mar. Enquanto o exército de gigogas avançava impetuoso mar adentro, regurgitado pelas lagunas, as "auturidades" bombasticamente e apressadamente mais uma vez, anunciavam ações de revitalização do sistema lagunar. Antes tarde do que nunca! Agora é esperar sentado para ver no que vai dar.
Mas
olha, o quadro de invasão das gigogas, que ainda continua
acontecendo, de forma menos cinematográfica que na segunda,
mas que ainda espalha seus "fuzileiros" neste final
de semana até a praia de São Conrado, impressiona. Aí quando você lê nos jornais as opiniões das "auturidades", é aquela mesma história de sempre, filho feio não tem pai, e por fim a culpada foi a pobre da COMLURB que não tinha um sistema suficientemente resistente para segurar a carga de macrófitas que resolveram colocar o pé na estrada. Realmente existem momentos que tem gente que precisa ficar de boca fechada e lamentar tamanho descaso, antes de dar uma de Ofélia. Enquanto isso, segundo contagem da COMLURB, o volume de gigogas retirado até o sábado era de aproximadamente 1.000 toneladas. Outro elemento importante para o conhecimento das "auturidades" estaduais,
DIRETAMENTE CULPADAS PELO CAOS NO QUAL O SISTEMA LAGUNAR VIVE CHAFURDADO EM ESGOTO, é o
prejuízo econômico que esses tipos de desequilíbrios ambientais
produzem economicamente para o nosso município, tanto para o turismo,
visto o chiqueiro no qual as praias se transformam, como para os gastos extraordinários
associados com a coleta de todo esse volume de vegetais e resíduos sólidos
associados, sem falar nas doenças que podem gerar. Como não é do
bolso das "auturidades" estaduais que sai o dimdim para pagar essa
BACANAL ambiental, e sim do nosso, a tal BACANAL parece nunca ter mais fim, pelo
menos enquanto a sociedade continuar assistir à tudo passivamente e bem
comportada, fazendo seu histórico papel de otária. Paralelamente
verba para propaganda em horário nobre nunca falta para mostrar uma competência
administrativa que raramente anda dando as caras pelas zonas sul e oeste de nossa
cidade. Faço justiça e publicamente torço pelo presidente da Serla que tem se mostrado uma pessoa interessada em tirar da inércia a paralisia que domina a maior parte do aparato estadual de meio ambiente. Torço por ele, e por todos nós que dependemos da boa vontade das "auturidades" que assinam a liberação das verbas, para pelo menos não continuarmos perdendo de goleada desse pessoal que só tem na cabeça a patologia política de querer se manter indefinidamente no poder. Enquanto isso, além do ciclone no litoral de Santa Catarina que talvez dê a mais clara evidência que nosso Senhorio já perdeu a paciência com seus porcalhões inquilinos terráqueos que insistem em transformar a atmosfera de sua Obra em privada de CO2, o esgoto de competência do Governo do Estado produzido no Jardim Oceânico, continua bucolicamente vazando para as galerias de águas pluviais de competência da Prefeitura e destas para as lagunas e por sua vez alimentando mais um exército de gigoguinhas em frenético crescimento. Os avisos continuam sendo dados. O que vai precisar para começar a trabalhar?
Autorização do Tio Sam? Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br |
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