bocadomangue Mario Moscatelli

PT SAUDAÇÕES

Era 1990, de manhãzinha, o avião decolava do Rio de Janeiro para Brasília. Lá estava eu acompanhado do vice-prefeito de Angra dos Reis, atual deputado federal, rumando para um encontro com o então deputado federal, atual presidente da república. O motivo da viagem era simples: na tentativa de colocar ordem no meio ambiente de Angra dos Reis desde março de 1989, compromisso eleitoral do recém eleito governo, que era a única prefeitura comandada pelo PT em todo o estado do Rio de Janeiro, eu como chefe do departamento de controle ambiental da prefeitura local vinha sendo ameaçado junto com o próprio prefeito devido as ações fiscalizadoras.

Era inconcebível em 1989 que os manguezais deveriam ser protegidos em detrimento de marinas e loteamentos que gerariam “milhares” de empregos, e que se danasse a legislação ambiental, visto que boa parte das obras, geralmente tinham licenças de outros órgãos ambientais e para a infelicidade de boys, engenheiros, arquitetos, advogados, despachantes e outros aspones de plantão havia vontade política de fato naquele tempo de se aplicar a lei para quem quer que fosse.

Pois bem, chegando na cidadela dos bacanais, digo dos eventos, fomos de encontro com o atual presidente, com o qual conversamos, explicamos a situação e solicitamos alguma ajuda.

Lembro bem de um único trecho de nossa conversa, onde o atual presidente me alertava que eu abrisse o olho pois quem me ameaçava não teria pudor em de fato me mandar dessa para melhor. Fiquei com o estômago revirado, o medo me rondava por todos os cantos e horas, mas ficou a esperança de alguma ação do então deputado federal.
Salvo engano, nunca soube de qualquer ação do dito cujo deputado federal petista em relação ao meu caso, posição diferente do atual prefeito do Rio de Janeiro que na época deputado federal pelo PDT, solicitou em plenário uma atuação enérgica das autoridades competentes bem como de diversos deputados estaduais e vereadores do PT.

Nunca fui filiado à partido político nenhum, pois nunca gostei do jogo político partidário, onde tudo é permitido aos companheiros, protegidos sob a legenda de qualquer que seja o partido, da mesma forma como funcionam as quadrilhas ou mesmo as estruturas da máfia.

Conto essa breve historinha pois vendo tudo o que está acontecendo e principalmente as movimentações que vem gerando a sensação que as amputações necessárias, e não apenas as tais “navalhadas na carne”, são quase certas que não acontecerão e eu fico aqui me perguntando: E aí?

Quem vamos colocar no lugar desses infelizes no ano que vem? Como é que os “eventos “ vão conseguir prosseguir sem toda essa gente tão “importanti”?

Junto dessas perguntas dá dor de cabeça ver os cacifes do PFL arrotando princípios, menudos esbanjando holofotes da mídia, e tentar entender como essa gente do PT conseguiu fazer tanta merda num tempo tão pequeno sem ninguém ter aberto o bico antes dentro do partido?

Finalizando, acho incrível como a sociedade nessa colônia se impressiona e dá espaço para pessoas com ternos, gravatas e bons odores. Recebi hoje um comentário de uma amiga que me contava que num desses milhares de simpósios de meio ambiente etc, etc, um dos anfitriões, “respeitado” quadro técnico, ambientalista desde criancinha, pelo menos para quem não conhece o seu recente passado, tirou do nada sua antipatia velada pelos meus queridos manguezais da Lagoa, um tema segundo ele à ser discutido com maior profundidade. Engraçado que na gestão dessa figura num órgão ambiental, foi um dos períodos que mais se licenciou obra em manguezais e costões rochosos no município de Angra dos Reis, envolvendo até mesmo propriedade onde o mesmo tinha interesses particulares. É claro que como chefe do departamento de controle ambiental da prefeitura de Angra dos Reis, usei as respectivas licenças para as mais variadas finalidades e embarguei todas as obras licenciadas pelo moço. Vai ver que até agora o pobre infeliz não conseguiu ultrapassar a mágoa por aquele período. Mas fica aqui o recado para não se meter à besta comigo, pois na situação de presidente de uma importante ong, não ficaria bem o público saber de seu passado espúrio. Deu para entender? Ou vou ter de ser mais claro? O recado foi dado. É bom não mexer com quem não tem rabo preso e tem um verdadeiro nojo de gente como o senhor.

É gente, para os que ficam pt saudações, pois tenho certeza que debaixo dessa merda toda, tem muito mais, que não é de hoje que ela está se acumulando e que também tem muita gente boa que pode e deve continuar na briga dentro e fora do partido.
Enquanto isso ouço “Tears for Fears”, faz bem aos ouvidos e ao espírito.

 

Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br

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