TUDO TÃO ERRADO QUE ATÉ PARECE CERTO
Abri o jornal e ali estavam estampadas as últimas do dia. Como era de se esperar, após o ano do mensalão e do mensalinho, vieram as “novas revelações” estampadas por meio dos novos escândalos da vez: as sanguessugas e mais recentemente as saúvas, onde a primeira super-faturava em ambulâncias, envolvendo coisa de 1/3 de todo o congresso nacional, e a segunda além de super-faturar no preço dos alimentos encaminhados para órgãos públicos também fornecia comida fora da validade. Tem empresário, milico, político, tudo que vocês possam imaginar envolvido em mais essa sacanagem com dinheiro público. Afinal de contas nada mais normal numa colônia de milhares de espertalhões e milhões de cornos mansos, visto que dinheiro público é LIXO, e como lixo é usado de qualquer forma, na maioria das vezes objetivando apenas a manutenção dos espertalhões organizados dentro e fora do tal poder público.
Enquanto
isso lembro daquela pequenina mão sem vida, carregada por um
adulto aos prantos. Era mais uma das milhares de vítimas da mais
recente guerra entre Israel e o Hesbolah. Vejo nas fotos que chegam
via internet, corpos entre os escombros, gente chorando, e de outro
lado imagino a indústria bélica enchendo o cú de
dinheiro com todas essas mortes e conflitos sem fim. Mais adiante recebo
a mensagem que aquilo que governa a Venezuela anda fazendo shopping
de armamentos na Rússia visando se preparar para uma invasão
norte americana. Paralelamente o tio Sam alimenta a Colômbia visando
equilibrar o poderio entre amigos e inimigos. Aí
recebi um email (leiam abaixo) me informando que no nordeste brasileiro
a legislação ambiental federal que considera o ecossistema
manguezal como devidamente protegido contra qualquer tipo de ação
que possa provocar sua degradação ainda não chegou
por àquelas paragens. Tal confirmação se dá
pela multiplicação de fazendas de carcinocultura que se
espraiam sobre as áreas de manguezal. Como de praxe, dentro da
cultura colonial do pau-brasil, de usar até acabar, trocamos
como no Cerrado, biodiversidade por monoculturas, e nessa o manguezal
vira piscinão para camarão exótico encher a pança
de europeu e o superávit da colônia. Aí você denuncia, põe na mídia, se arrisca, esbraveja que estão drenando e aterrando o apicun, o “guverno du istadu du rio de janeiru” diz que fiscaliza, claro que fiscaliza, merda nenhuma, e tudo continua numa boa onde todas as quadrilhas convivem bem umas com as outras visto que, como já disse, tem milhões de cornos mansos para aceitar toda a sacanagem sem nem ao menos esboçar qualquer reação bem como pagando todos os impostos em dia. Em tempo o nome do mascote do jogos Pan Fecanianos não deveria ser Cauê mas sim Cadê. Cadê a melhoria nos transportes, cadê a melhoria no atendimento médico, cadê a melhoria na segurança, cadê a melhoria nas lagoas da baixada de Jacarepaguá, cadê o saneamento na baía de Guanabara? Finalizando de forma bem objetiva como merece o momento, se você estiver satisfeito com toda essa putaria, continua achando tudo engraçado e votando nos mesmos f.d.p. de sempre ou nos seus filhos(as), netos(as), amantes e aspones. É
isso aí. Data: 8/8/2006 Os manguezais são ecossistemas costeiros tropicais que se formam em regiões onde há influência simultânea de água doce e salgada, estendendo-se assim em faixas ao redor de estuários e deltas de rios. No Brasil, são encontrados desde o Amapá até Santa Catarina, ocupando uma área de 25 mil km2. Calcula-se que mais de 95% do alimento que o homem captura do mar tem origem nos mangues. Muitos destes animais passam toda sua vida nos manguezais (diversas espécies de caranguejos, ostras e peixes, por exemplo), mas um número bem maior faz neles sua desova e seus filhotes desenvolvem-se ali para posteriormente aventurar-se nos oceanos na fase adulta. Por essa razão, o mangue é considerado o berçário do mar. Aves migratórias descansam e reproduzem-se nestas áreas, e muitos mamíferos visitam-no à noite, em busca de alimento. Sua vegetação serve para fixar as terras, naturalmente instáveis pela inundação constante, impedindo assim a erosão, estabilizando a costa e reduzindo inundações. Há séculos comunidades costeiras vivem em convivência sustentável com esta dádiva da natureza, retirando dela alimentos ricos em proteínas, como caranguejos e moluscos. Tragicamente, desde meados dos anos 90 grandes fazendas industriais de carcinicultura (criação de camarão em viveiros) vêm destruindo os manguezais do Brasil, principalmente nos estados nordestinos. Nesta época chegou ao país a espécie de camarão Litopennaeus vannamei, oriunda do sudeste Asiático, que se mostrou economicamente muito atraente. Desde então, ambientalistas locais vêm tentando chamar a atenção da população para os riscos da expansão desenfreada da carcinicultura na região (de apenas 20 empreendimentos em 1985, fecharam 2003 contabilizando 905 fazendas). Em meados de 2005, um Grupo de Trabalho (GT) da Câmara Federal concluiu um relatório denunciando o desastre ambiental que a prática representa. Entre os impactos relacionados, o estudo detectou a modificação do fluxo das marés, matando a vegetação e a fauna, sobretudo caranguejos e moluscos; a contaminação de água destinada ao consumo humano; a introdução de espécies exóticas-invasoras no ecossistema; perda da cobertura vegetal; conflitos de terra decorrentes da privatização de terras da União (terrenos de Marinha e terras devolutas); e danos cumulativos ao longo das bacias hidrográficas. São apenas alguns pontos de uma longa lista. Até mortes humanas foram registradas pela contaminação por metabissulfito, substância química usada para a conservação dos camarões após a sua retirada dos tanques cercados, localizados dentro ou próximos à região dos manguezais. Com a justificativa de criar milhares de empregos, estes empreendimentos estão causando sérios danos ao meio ambiente e às comunidades costeiras (e assim criando mais desemprego). Além disso, o GT concluiu que o índice médio de empregos criados é até 3,2 vezes menor do que o divulgado pelos criadores. Na verdade, o cultivo de camarão oferece poucas oportunidades de emprego para as populações costeiras e rurais. Quando existem, são trabalhos temporários, mal remunerados, e que na maioria das vezes não oferecem nenhuma segurança a trabalhadores sub-empregados, que muitas vezes abandonaram a pesca artesanal exatamente por causa dos danos decorrentes da carcinicultura. Muito pouco foi feito para conter a expansão descontrolada das fazendas. Pelo contrário. Desde a criação do Departamento de Pesca e Aqüicultura, em 1998, o governo utiliza a mesma lógica do agronegócio no trato com o setor, despejando ali milhões de reais. Para que algo acontecesse, o problema precisou ameaçar o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, uma jóia do Atlântico, onde está a maior biodiversidade do litoral brasileiro e o maior banco de corais do Atlântico sul. A Coopex (Cooperativa dos Criadores de Camarão do Extremo Sul da Bahia) quer implantar entre o município baiano de Canavieiras e o rio Doce (ES), no estuário do Complexo de Abrolhos, o maior projeto de carcinicultura do Brasil, numa área de 1.500 hectares e com investimento anunciado de R$ 60 milhões. O Ministério Público tenta impedir o empreendimento, mas a Justiça baiana joga contra, derrubando liminares. Correndo por fora, o Ibama publicou, em maio deste ano, uma portaria estabelecendo a zona de amortecimento do parque de Abrolhos, uma faixa de litoral de mais de 200 km entre a Bahia e o Espírito Santo. Qualquer atividade econômica com impacto ambiental nessa região agora depende de anuência do Ibama e do conselho gestor do parque. Têm ganhado destaque em meio a esta briga alguns peixes graúdos conhecidos da política nacional, como os senadores baianos Antônio Carlos Magalhães, César Borges e Rodolpho Tourinho (todos do PFL) e os capixabas João Motta, Marcos Guerra (PSDB) e Magno Malta (PL). A razão: os políticos elaboraram um decreto legislativo com a intenção de anular a zona de amortecimento. O projeto tramita com uma velocidade espantosa. Num país (mal) acostumado a ver projetos importantes arrastarem-se por anos no Legislativo, menos de três semanas depois da publicação da portaria do Ibama o projeto já havia sido aprovado pelo relator e encaminhado para a pauta de votação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. Um detalhe: João Motta é um dos sócios da Coopex, mas afirma não ver "em absoluto" conflito de interesses entre sua atuação como empresário e o poder de sua caneta como parlamentar. Segundo o diretor do Parque de Abrolhos, Marcello Lourenço, "toda a família do Motta é sócia da Coopex". O senador acusa os ambientalistas de serem "testas-de-ferro de organizações internacionais que querem impedir o desenvolvimento do Brasil". A consciência ambiental do senador fica clara quando defende o projeto pelo fato de retirar água do mar para criar os camarões: "com o derretimento das calotas polares, isso é a coisa mais sensata que se faz". Brilhante. O excelentíssimo senador acaba de encontrar a solução para problema do aquecimento global: a carcinicultura. Não faz muito tempo que a importância fundamental dos mangues para a vida marinha foi reconhecida. Como são feios, sujos e mal-cheirosos, esses locais foram – e continuam sendo - vítimas de aterramentos, marinas, empreendimentos industriais nocivos, e, mais recentemente, do avanço de canaviais. Grandes cidades litorâneas foram construídas sobre manguezais. Mas já é hora de abrirmos os olhos para a importância da preservação do que resta intacto dos berçários dos mares. Não são só os corais de Abrolhos e os pescadores artesanais que estão em risco, é o próprio futuro da indústria pesqueira. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- |
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