.Planeta
Oceano
Agenor Cunha da Silva
O
amanhecer sempre nos traz a renovação das esperanças.
Independente da nossa situação, um novo dia sempre será
esperado com a possibilidade de que novos rumos possam surgir. Ao completarmos
mais uma translação em volta do nosso astro rei (o Sol),
procuramos resgatar nossas crenças, no sentido de buscar um mundo
melhor. Um mundo melhor, onde todos possamos colher os frutos resultantes
das experiências que civilizações do passado acumularam
ao longo da história.
Neste artigo vou me aventurar a navegar num oceano perdido que ainda estamos longe de conquistar. O oceano do saber, palco aonde a evolução da humanidade vem ocorrendo desde a pré-história, é sem dúvida um amplo campo de pesquisa que merece ser explorado. Neste arcabouço, se verifica que a sucessão de gerações e as informações que elas nos tenha legado no tempo parecem carecer da fixação do aprendizado que buscamos para podermos viver de uma forma melhor. Esta linha de pensamento nos leva a refletir sobre a própria evolução do ser humano.
Como seres
ainda em evolução, certamente dogmas e mistérios
da evolução da vida nos alimentam como combustível
essencial para renovar nossas crenças. Ao surgir um novo ano,
procuramos acreditar que novos rumos irão acontecer para amenizar
as mazelas da humanidade. Volta-se para a busca da convivência
e da tão almejada paz, que na realidade parece estar cada dia
mais distante. Verificamos que há cerca de aproximadamente mil anos os metais começaram a ser efetivamente usados pela primeira vez para fabricar instrumentos. Também a escrita, como um argumento documental, comparativamente com a história da humanidade constitui um processo relativamente recente. Na América do Sul, a origem do homem também e recente. Data no máximo de dezesseis mil anos, enquanto que no Brasil não passa da metade deste tempo. O conhecimento resultante da catalogação como um processo cumulativo deve sempre ser reciclado. A validade do que aprendemos pode sofrer, e geralmente sofre, alterações ao longo do tempo. Revisões cíclicas devem ser adotadas, no mínimo para preservar o conhecimento. Apesar de todas as situações adversas, pelas quais já passamos, verificamos que no contexto do universo, inclusive nos que tentamos descobrir por meio de instrumentos ao vasculhar o macro ou o micro cosmos, nossos limites são muito restritos no que concerne à velocidade com que a evolução dos processos de aculturação ocorre. Não
podemos continuar a desperdiçar as oportunidades que a tecnologia
atual está nos oferecendo. A informática, aliada à
Internet, juntamente com os meios de divulgação atual
constitui uma ferramenta excepcional. Apesar de todos os preconceitos
que podemos ter em relação estes meios de divulgação,
já que, mormente são controlados pelos poderes dominantes,
devemos tentar aproveitar o que eles podem nos oferecer. Todavia, a
realidade apresenta-se de forma diferente. É
necessário que os poderes constituídos sejam policiados
e incentivados por aqueles que prezam a natureza a desenvolverem programas
mais eficazes. A união de Biólogos, Geocientistas, Políticos
e Ambientalistas parece-me ser altamente recomendável. Somente
assim, com um esforço conjunto se poderá promover a melhoria
da qualidade ambiental considerando os limites ecológicos de
cada região. Nos oceanos o combate parece ainda ser mais difícil. As tecnologias voltadas para a pesca evoluem na velocidade da luz, enquanto que as formas de preservação e controle dos cardumes são quase inexistentes, fazendo com que muitas espécies sejam banidas na mesma proporção. A poluição das áreas costeiras, principalmente junto aos grandes centros urbanos, aparece como uma agressão permanente que coloca em risco, não apenas a vida marinha, mas a das próprias populações que dela sobrevivem. Ao colocar em risco qualquer elo da cadeia alimentar, conseqüentemente estamos indiretamente nos condenando também ao risco de novas doenças que geralmente surgem acompanhando o desequilíbrio que provocamos. A questão fundamental me parece ser a de como poderemos preencher essa lacuna do desconhecimento. Num país de dimensões continentais, com um litoral de mais de oito mil quilômetros, certamente como educadores ou cidadãos esclarecidos temos a obrigação (moral e cívica) de desenvolver sempre que possível a cultura da conscientização nas populações que vivem nas zonas costeiras. Elas devem ter o direito de saber preservar, de forma eficiente, os recursos que os mares oferecem. No alvorecer deste novo ano de 2004 tenho a convicção de que podemos contribuir para isso. Fica a esperança de que a divulgação de programas de conscientização se transforme em realidade. De que a preleção sobre as formas de vida e as novas oportunidades que os oceanos nos oferecem, seja a forma mais simples e direta de contribuir para a exploração racional dos recursos e para a preservação dos ambientes marinhos. É meu desejo que 2004, Ano Internacional das Águas, não se escoe nas promessas dos políticos. Que se torne, efetivamente, uma barragem capaz de conter as agressões ambientais que tanto nos atinge, preservando a beleza do nosso Amado Planeta Oceano. MSC.
Agenor Cunha da Silva - agenor@biologo.com.br |
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