Biólogo

As ferramentas do macaco-prego

As ferramentas do macaco-prego: Cultura de uso de ferramentas por macacos-prego variou ao longo de 3 mil anos. Estudos de arqueologia e etologia se encontram na serra da Capivara, no Piauí, e revelam o primeiro registro conhecido de mudanças culturais em primatas não humanos.

As ferramentas do macaco-prego

Jul/2019 :: por Maria Guimarães/ Pesquisa FAPESP

Enquanto arqueólogos escavam o solo duro e seco da Caatinga no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, em busca de vestígios do passado, macacos-prego logo ao lado usam pedras para quebrar cocos, sementes e castanhas-de-caju.

Provavelmente de modo semelhante ao que fazem há pelo menos 3 mil anos, como revela parceria entre pesquisadores da Inglaterra e do Brasil.

“Eles vão se tornando um pouco primatólogos, enquanto nós viramos um pouco arqueólogos”, conta o biólogo Tiago Falótico, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), que coordenou as escavações mais recentes.

Nomenclatura binomial. Macaco-prego-galego (Sapajus flavius) é endêmico da Mata Atlântica brasileira.

Há seis anos ele e seu antigo supervisor Eduardo Ottoni, do Instituto de Psicologia da USP, trabalham em parceria com os arqueólogos britânicos Michael Haslam e Tomos Proffitt, do University College London, na investigação de como viviam os macacos.

Descobriram que, assim como acontece hoje entre diferentes grupos de primatas, no passado a cultura de uso de ferramentas variou, como descreve artigo publicado nesta segunda (24/6) na revista Nature Ecology & Evolution. “É a primeira vez que se constata essa variação cultural em registros arqueológicos de primatas não humanos”, afirma Falótico.

Ferramentas variaram ao longo de 3 mil anos

Macacos-prego fazem charme para câmera. Macacos-prego (Cebus apella) na Reserva Natural Serra do Tombador (GO). Foto: Fundação Grupo Boticário

Há alguns anos as escavações por lá revelaram que os macacos-prego da serra da Capivara (Sapajus libidinosus) já usavam pedras para quebrar castanhas-de-caju em tempos pré-colombianos.

Chimpanzés, que desbancaram o uso de ferramentas como característica definidora dos seres humanos, já manejavam pedras há 4 mil anos de acordo com escavações na Costa do Marfim, na África. Mas lá não há sinais de que tenham alterado o comportamento.

Os macacos-prego são ricos em variações de comportamento, que alguns especialistas chamam de culturas. Há grupos que usam pedras, outros preferem gravetos.

by Tiago Falótico

Depende do tipo de alimento disponível em cada área, mas também do que os jovens de cada população aprendem com os mais velhos.

Da mesma maneira, à medida que foram escavando mais fundo – e regredindo no tempo – os pesquisadores encontraram variação.

>> Para saber mais, leia o artigo completo no site da Revista Fapesp > Cultura de uso de ferramentas por macacos-prego variou ao longo de 3 mil anos

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