Biólogo

Cacajao amuna, nova espécie de primata da Amazônia

Cacajao amuna: a Floresta Amazônica tem revelado sempre um pouco mais de sua enorme riqueza biológica, graças ao trabalho dos biólogos. E eis que um estudo revela uma nova espécie de macaco endêmica da Amazônia brasileira.

Cacajao amuna, nova espécie de primata da Amazônia

9/6/2022 ::  por Marco Pozzana, biólogo

Cacajao amuna é o nome escolhido para a espécie recém descoberta de primata da família dos piteciídeos, de macacos do Novo Mundo.

O animal já era conhecido como “macaco uakari”, mas as análises mostraram que o primata possui características genéticas diferentes dos outros macacos do seu gênero. Além disso, também apresenta uma coloração distinta na pelagem, mais branca e homogênea.

O nome popular para a nova espécie é “Uakari dos Kanamaris”, uma homenagem aos Kanamaris do Juruá, um grupo indígena presente na região.

O Cacajao amuna é endêmico do oeste da Amazônia brasileira, ocorrendo em uma área de aproximadamente 30.000 km² no estado do Acre e do sudoeste da Amazônia. O primata vive em florestas de várzea periodicamente inundadas por rios de águas ricas em sedimentos.

A espécie foi descrita em maio de 2022 em artigo no jornal científico Molecular Phylogenetics and Evolution e nomeada em homenagem ao povo indígena Amuna-dyapas. O estudo tem como autor principal o pesquisador Felipe Ennes Silva, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

Foto: Marcelo Santana

Cacajao amuna Silva et al., 2022

Este primata apresenta cabeça vermelha e calva, pelagem longa e roliça e cauda relativamente curta e peluda, como os macacos do seu gênero.

Destaca-se por sua pelagem quase totalmente branca, sem tons de amarelo, cinza ou vermelho como os do C. calvus. As vibrissas são marrom-avermelhadas. Os antebraços são amarelados, os pelos das mãos e dos pés são laranja ou cinza e a parte inferior da cauda é da cor creme.

Conservação

Os autores já manifestam preocupação com a conservação da espécie. Por ser uma descoberta há tão pouco tempo, não há estudos que estimem a real população do C. amuna na região e os primeiros dados analisados sugerem que a espécie é sensível às mudanças climáticas. 

Além disso, a área de ocorrência da espécie tem tido um crescente desmatamento nos últimos anos, com várias cidades em expansão e devido à BR 364 que conecta atualmente as cidades de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, no Acre. 

Fontes e referências:

apoie o Biólogo

Comentários do Facebook
Sair da versão mobile