Diversificação das aves amazônicas dependeu dos rios e do clima: Região oeste da floresta é mais estável e pode ter servido como refúgio, enquanto instabilidade da porção sudeste teria impulsionado a formação de espécies
Diversificação das aves amazônicas
Ago/2019 :: por Maria Guimarães / Pesquisa FAPESP
Os cursos variáveis dos rios e as flutuações climáticas ao longo dos milhares de anos, agindo em parceria, são responsáveis pela grande diversidade de aves na Amazônia, que abriga a maior floresta tropical do mundo.
“O clima toca a música, mas quem dá os passos são as aves às margens dos rios”, resume o biólogo Alexandre Aleixo, atualmente professor na Universidade de Helsinque, na Finlândia.
É uma mudança de visão em relação ao foco dado aos caudalosos rios como responsáveis por isolar espécies habitantes de margens opostas. Os resultados do trabalho liderado por ele foram publicados na quarta-feira, 3 de julho, na revista científica Science Advances.
Entender a diversidade de animais e plantas que compõem a floresta amazônica tem sido, há décadas, o foco de muitos pesquisadores de áreas biológicas e, mais recentemente, geológicas.
GEOGENÔMICA
Com o recente avanço na capacidade de obter sequências genéticas, os pesquisadores construíram genealogias usando sequências de DNA de mais de mil espécimes de 23 espécies de aves dependentes de áreas de matas úmidas, com ampla distribuição pela Amazônia.
De posse dessa genealogia, e dos dados geográficos de onde foram coletadas, além de cerca de 6.500 outros registros de localidades, foi possível fazer o que os especialistas chamam de modelagem de nicho: delinear as condições climáticas nas quais vivem e extrapolar esse mapeamento para o que se conhece do clima amazônico nos últimos 20 mil anos.
“Ninguém tinha analisado tantas amostras com uma distribuição tão ampla na Amazônia”, afirma Aleixo.
“Os rios são extremamente importantes, mas não contam toda a história evolutiva da biodiversidade.” Eles só se tornam barreiras, de acordo com o pesquisador, depois que as espécies chegam às suas margens. Nesse trajeto, há espaço e tempo para uma enorme variação de trajetórias.
“Caso contrário, todas as espécies teriam reagido ao mesmo tempo quando o rio surgiu, e não encontramos essa sincronia cronológica.” Algumas espécies têm uma história de 5 milhões de anos, outras de 500 mil. E aí entram os fatores climáticos, que delimitam a extensão da floresta e a composição da flora e da fauna.
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