Dragão-de-komodo (Varanus komodoensis): o lagarto gigante endêmico das ilhas indonésias teve seu risco de extinção reavaliado. Mesmo sem predadores, ele passa de ‘vulnerável’ para ‘em perigo’ na lista da IUCN, impactado pela atividade humana e pelas mudanças climáticas.
Dragão-de-komodo, o maior dos lagartos agora ameaçado
25/10/2021 :: Marco Pozzana, biólogo
Um animal fascinante com sua aparência de “dinossauro vivo”, o dragão-de-komodo (Varanus komodoensis) pode chegar aos três metros de comprimento. Mas mesmo protegidos pela lei indonésia e com a criação de um parque nacional para ajudar nos esforços de proteção, as populações continuaram declinando na natureza.
Pertencente à família de grandes lagartos-monitores Varanidae, o dragão-de-komodo tem uma longa língua amarela, profundamente bifurcada. Sua pele cinza e marrom é reforçada por escamas que conferem proteção ao organismo.
Carnívoros, podem se alimentar de ampla variedade de animais, tais como javalis, cavalos, cabras, veados, macacos, búfalos e mesmo lagartos de sua própria espécie. Embora ataques a humanos sejam raros, estes podem ocorrer, causando até incidentes fatais. Também podem se alimentar de carcaças.
Tal como muitos outros répteis, ele usa sua língua para detectar cheiros de presas potenciais, fazendo uso do órgão de Jacobson, em vez das narinas. Com um vento favorável é capaz de detectar carniça a quase dez quilômetros de distância.
Comportamento
É um lagarto de hábito solitário, unindo-se aos de sua espécie somente para procriar e comer carcaças. Normalmente são tímidos, especialmente os animais jovens, evitando encontros com humanos. Os poucos casos de ataques a pessoas são provocados por indivíduos atípicos que perderam o medo dos homens.
Eles são capazes de correr rapidamente, atingindo até 20 km/h. Também nadam, mergulhando até 4,5m de profundidade. Quando jovens também escalam árvores fazendo uso de suas garras. É um animal adaptado para lugares quentes e secos.
Declínio e conservação
Curiosamente, esses lagartos gigantes eram desconhecidos dos cientistas ocidentais até 1910, sendo registrados como espécie em 1912. Desde então, foram enviados para zoológicos e estudados e acompanhados com curiosidade por biólogos.
De qualquer modo, muitas ameaças contribuíram para impactar as populações. Algumas naturais, como atividades vulcânicas e terremotos. Mas o homem provocou a perda e degradação do seu habitat. A caça furtiva do dragão-de-komodo e suas presas também diminuíram as populações.
Como tantos outros répteis, a sensibilidade do V. komodoensis para alterações climáticas e ambientais é há muito conhecida. Por isso, conservacionistas e biólogos se mobilizaram para proteger a espécie. Foram criadas áreas de proteção como O Parque Nacional de Komodo (1980) e posteriormente as reservas de Wae Wuul e Wolo Tado inauguradas para ajudar na conservação.
O comércio de peles ou espécimes de dragão-de-Komodo é ilegal. Assim mesmo, há relatos de tentativas de comércio de espécimes vivos. Em 2019, por exemplo, foi documentado que uma rede criminosa foi pega tentando contrabandear 41 jovens dragões de Komodo para fora da Indonésia.
Os números decrescentes das populações fizeram a IUCN passar a espécie de ‘vulnerável’ para ‘em perigo’. Atualmente a mudança climática e a elevação do nível do mar são as ameaças mais complexas e preocupantes.
Fontes e referências
- ‘Police foil attempt to export Komodo dragons for Rp 500 million apiece’, The Jakarta Post (em inglês).
- Humanity must participate in conservation efforts to save the Komodo dragons – dailytitan.com/ (em inglês).
- Komodo dragon in danger of extinction as sea levels rise – World’s largest lizard moves from vulnerable to endangered on IUCN red list of threatened species (em inglês).