Lobo-guará: Escolhido para ilustrar as notas de R$200, o lobo-guará não está muito bem preservado no Brasil. Ele persiste graças a capacidade de adaptação a ambientes modificados pelo homem, mas a IUCN classifica-o como uma espécie quase ameaçada.
Lobo-guará
13/11/2020 :: Por Josué Fontana
Em julho o Banco Central do Brasil anunciou que lançaria uma nota de 200 reais, cuja estampa traria uma imagem do animal. O Lobo-guará pode ter sua imagem preservada na cédula, mas tem se observado um declínio de suas populações em todo o país.
Está ameaçado principalmente por causa da destruição do cerrado para ampliação da agricultura. Atropelamentos, caça e doenças contraídas de cães domésticos também prejudicam as populações.
Todos os países em que ele está presente o classificam em algum grau de ameaça, apesar de não se saber a real situação das populações. Estima-se que existam cerca de 23 mil animais na natureza.
O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é uma espécie de canídeo endêmico da América do Sul e único integrante do gênero Chrysocyon.
É o maior canídeo da América do Sul. Suas grandes orelhas, pernas longas e finas e a densa pelagem avermelhada lhe conferem uma aparência peculiar. O formato da cabeça assemelha-se com o de uma raposa.
O lobo-guará também é conhecido como guará, aguará, aguaraçu, lobo-de-crina, lobo-de-juba ou lobo-vermelho
Onívoro, o lobo-guará se alimenta de vasta variedade de organismos de origem animal e vegetal, consumindo muitos frutos e pequenos vertebrados.
Sendo um animal típico do Cerrado, o habitat do guará se caracteriza principalmente por campos abertos, com vegetação arbustiva e áreas florestais com o dossel aberto. Também é encontrado em áreas de campos cultivados pelo homem.
O lobo-guará prefere ambientes com baixa quantidade de arbustos e vegetação pouco densa. Áreas mais fechadas são utilizadas para descanso durante o dia, principalmente em regiões muito alteradas antropicamente.
Chrysocyon brachyurus – Comportamento
É visto principalmente a partir do fim da tarde, mas sua atividade está mais relacionado com a umidade relativa do ar e com a temperatura. Em dias frios ou nublados podem ficar ativos durante todo o dia.
O território é amplo, variando de 40 a 123 km², dependendo da estação e da disponibilidade de alimento. Alguns estudos mostram que territórios de fêmeas podem ser maiores que de machos.
Por ter hábitos predominantemente solitários, o guará também é um animal territorial. Mas pesar de solitário, a unidade social dentro de seu território é o casal, que pode se manter estável por um longo período de tempo
Pode ser um predador ocasional de animais domésticos, principalmente galinhas, o que faz com que ele seja perseguido por fazendeiros. Estes, muitas vezes possuem uma percepção negativa do lobo-guará, mesmo que ele não seja, de fato, o responsável pelos ataques aos galinheiros.
A imagem do guará pelas populações locais influencia no sucesso de programas de conservação.
A educação ambiental é um ponto importante a ser abordado em qualquer estratégia de preservação do lobo-guará.
Estudos e referências:
- de Paula, R.C.; et al. (2013). «Avaliação do risco de extinção do lobo-guará Chrysocyon brachiurus (Illiger, 1815) no Brasil». Biodiversidade Brasileira.
- Azevedo, F.C. (2008). Área de vida e organização espacial de lobos-guará (Chrysocyon brachiurus) na região do Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil (PDF) (Tese de Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais