Moa: um grupo de nove espécies de aves — todas extintas — divididas em seis gêneros. Esses fascinantes animais podiam ser bem maiores que um humano, pesando até 250 kg. Desapareceram há séculos após serem intensamente caçadas pelo povo maori.
Moa, grandes aves sem asas
8/10/2021 :: Marco Pozzana, biólogo
As moas eram aves não voadoras endêmicas da Nova Zelândia, cuja população nas ilhas antes da chegada dos maoris foi estimada em cerca de 58.000 indivíduos, período em que eram caçadas somente pela — também extinta — Águia-de-Haast.
As aves são animais particularmente impactados pela presença humana. Entre essas, as que não podiam voar eram mais vulneráveis à caça pelos humanos e animais por eles introduzidos.
Assim foi com as moas, animais extintos no início do século XVI após séculos de caça insustentável, bem como tantas outras espécies não voadoras da Nova Zelândia.
Os “parentes” mais próximos das moas são pequenas aves terrestres da América do Sul da família Tinamidae, capazes de voar.
Moas – Comportamento e curiosidades
As moas pertenciam a um grupo diverso, destacando-se pelo tamanho, postura horizontal e ausência de asas. Seu corpo era fortemente apoiado por pernas grossas e pés consideravelmente grandes; pescoço longo acompanhado de uma cabeça pequena. Seu bico era largo e reto e suas narinas bem desenvolvidas.
Após séculos sem termos a oportunidade de observar esses animais formidáveis, pouco sabemos do comportamento das moas, tampouco conhecemos os sons que os animais faziam. No entanto, com base em estudos modernos podemos fazer algumas estimativas acerca de seus hábitos.
“A diversidade biológica é confusa. Ela anda, rasteja, nada, desce, vibra. Mas a extinção é silenciosa e não tem outra voz senão a nossa”. – Paul Hawken
Sua dieta foi calculada pelo conteúdo fossilizado de suas moelas e coprólitos [Burrows, et al. (1981)], bem como por meio da análise morfológica do crânio e do bico e análise de isótopos estáveis de seus ossos.
As evidências apontam que as moas se alimentavam de variadas partes de plantas, incluindo galhos fibrosos e folhas retiradas de árvores baixas e arbustos. O bico da espécie Pachyornis elephanthantopus , por exemplo, funcionava como uma tesoura, capaz de cortar folhas fibrosas de fórmio (Phormium tenax) e galhos de pelo menos 8 mm de diâmetro.
Alguns biólogos acreditam que certas plantas desenvolveram adaptações em suas folhas e formas para evitar a herbivoria pelas moas. Pennantia corymbosa e Pseudopanax crassifolius são possíveis exemplos de plantas que evoluíram dessa maneira.
Os cientistas também acreditam, com base em estudos e análises dos anéis traqueais [Worthy & Holdaway (2002)], que certas moas eram capazes de fazer vocalizações capazes de viajar por longas distâncias.
A extinção das moas
Antes da chegada dos humanos, o principal predador das moas era a Águia-de-Haast (Harpagornis moorei), grande ave de rapina que se extinguiu também, provavelmente como consequência do desaparecimento das moas e outros animais da fauna da Nova Zelândia que lhes serviam de alimento.
Estudos e referências:
- New Study Provides Insights into Diet of Extinct Little Bush Moas – Paleontologists have examined 6,800- to 4,600-year-old coprolites attributed to the little bush moa (Anomalopteryx didiformis) – sci-news.com (em inglês).
- Baker, A.J.; Huynen, L.J.; Haddrath, O.; Millar, C.D.; Lambert, D.M. (2005). “Reconstructing the tempo and mode of evolution in an extinct clade of birds with ancient DNA: The giant moas of New Zealand”. Proceedings of the National Academy of Sciences (em inglês).
- New Zealand’s Giant Bird Monsters | Wild New Zealand – Youtube.com (em inglês).