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Dodô, um ícone da extinção

Dodô, um ícone da extinção: Uma ave peculiar que vivia sem predadores há inúmeras gerações em uma ilha ao leste de Madagascar. Sua sorte mudou quando foi descoberto por navegadores holandeses e, menos de um século depois, estava extinto. Hoje a ave é tida como o mais famoso animal extinto pelo homem.artigo original www.biologo.com.br

Dodô, um ícone da extinção

10/9/2021 ::  Por Josué Fontana

As aves são um grupo de animais particularmente impactado pela ação humana — uma pesquisa recente aponta que as aves perderam entre 10% a 20% de todas suas espécies por causa dos homens desde o fim do pleistoceno. 

Dodô, um ícone da extinçãoAnimais como o dodô (Raphus cucullatus) tinham características que os tornam mais vulneráveis à presença humana. O fato não voarem e não fugirem do contato dos marinheiros permitiu que virassem uma acessível fonte de carne. Era fácil de ser localizado — ficava na zona costeira e tinha cerca de um metro de altura, podendo pesar mais de 20 kg.

Dodô (Raphus cucullatus) - desenho

Características

Os dodôs pertenciam à família dos pombos (Columbidae) e foram extintos de forma tão rápida e há tanto tempo que quase não temos informações acerca do comportamento da espécie e até mesmo dados confiáveis sobre a cor da plumagem. Não sobrou nenhum exemplar completo da espécie.

O que temos para formar a imagem da plumagem é principalmente baseado em ilustrações e relatos antigos. De qualquer forma, na maioria dessas representações, o dodô exibia uma penas acinzentadas ou acastanhadas, sendo as primárias mais claras. A cabeça era nua e o bico com detalhes em amarelo e preto.

Dodô, um ícone da extinçãoHavia dimorfismo sexual — os machos tinham bicos mais longos (com até 23 cm) e eram maiores que as fêmeas. 

Evidências genéticas apontam que o parentesco mais próximo com um animal vivo é com o pombo-de-nicobar (Caloenas nicobarica), característico do sudeste asiático.

Um documento, hoje perdido, datado de 1631, é o único relato sobre a dieta do dodô e este apontava que o animal se alimentava de frutas. Todavia, os biólogos acreditam que também consumia outros alimentos de origem vegetal. É possível que também pudesse incluir crustáceos em sua dieta.

Da descoberta à extinção (1598 a 1662)

Dodô ave extintaSendo uma ave endêmica, isolada do contato com os predadores do continente, o Dodô provavelmente perdeu sua capacidade de voo em algum ponto de sua evolução. Não precisava fugir de predadores, nem voar em busca de alimento, tampouco migrar para se refugiar do inverno.

“Papagaios azuis são muito numerosos por lá, bem como outras aves; entre as quais há uma espécie, conspícua pelo seu tamanho, maior do que os nossos cisnes, com enormes cabeças cobertas apenas a metade com pele, como se vestida com um capuz. Estas aves não possuem asas, no lugar das quais 3 ou 4 penas enegrecidas se sobressaem.” – diário de van Warwijck, 1598

Todavia, com o contato com os humanos,  seria uma vítima fácil, em um tempo em que ainda nem se falava em proteção e conservação das espécies.

O desaparecimento rápido e silencioso

Os primeiros registros da presença da espécie datam de 1598 e foram feitos por marinheiros holandeses. Poucos anos depois se seguiu o primeiro massacre, com o animal servindo de alimento para marinheiros e seus animais domésticos. Espécies introduzidas também passaram a predar os dodôs.

O último registro confiável em que a espécie foi vista data de 1662. Depois desapareceu e quando a notícia da extinção finalmente foi divulgada, não teve grande repercussão. Hoje o dodô talvez seja uma das melhores escolhas para ilustrar um animal extinto pelo homem.

A assustadora facilidade com que o animal foi impactado com a presenRaphus cucullatusça humana é emblemática. Com sua aparência única e desengonçada, ficou conhecido na cultura popular. Frequentemente aparece em filmes, animações e séries de TV e ficou eternizado como um dos personagens do livro Alice no País das Maravilhas. 

“Calou-se a voz esganiçada
Por toda a eternidade
Mas, no museu, bico e ossos
Estão para a posteridade.” – Poema de Hilaire Belloc

Fontes e referências:
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