Quati

Quati: ao caminhar pelas matas brasileiras é possível que você se depare com um grupo de quatis, simpáticos mamíferos que chamam a atenção com suas longas caudas malhadas em tons de branco e preto. Esse animal tem enorme importância para nossas florestas mas suas populações tem declinado.

Quati, uma presença vital na floresta

17/4/2023 ::  por Marco Pozzana

O quati, carnívoro pertencente à família dos procionídeos, desempenha diversas funções importantes em vários ecossistemas tropicais da América Central e do Sul, entre estas, destaca-se a eficiente dispersão de sementes vegetais.

Duas espécies são universalmente aceitas: Nasua narica e Nasua nasua. Já o quati-de-cozumel (Nasua narica nelsoni) é uma subespécie endêmica do México, da ilha de Cozumel. Muitos taxonomistas a consideram como uma subespécie e não uma espécie, por se tratar de uma população introduzida na ilha pelos maias: acredita-se que esteja ameaçada, ou criticamente ameaçada de extinção.

• Civeta
• Mata Atlântica, floresta de bichos pequenos

Apresentando comportamento de forrageamento muito ativo, os quatis destacam-se entre os procionídeos, com seus hábitos diurnos (as vezes o macho faz atividades noturnas) e gregários durante grande parte do ano. Vive em bandos de 4 a 20 indivíduos, sendo praticamente onívoros.

O quati é aparentado ao guaxinim, ao qual tem muitas semelhanças mas com uma aparência distinta. Apresenta patas que lembram as dos ursos, adaptadas para escaladas em árvores. É cinzento-amarelado, porém com muitas variações, havendo, por exemplo, indivíduos quase pretos e outros avermelhados.

Importância dos quatis:

• Controle de pragas: Os quatis se alimentam de grande variedade de insetos, como formigas, cupins e larvas, ajudando no controle populacional. Isso pode ser especialmente importante em áreas agrícolas, onde pragas podem causar danos significativos às colheitas.

• Dispersão de sementes: Assim como outros animais onívoros, os quatis desempenham um papel crucial na dispersão de sementes. Eles consomem frutas e, em seguida, excretam as sementes intactas em diferentes locais, promovendo a regeneração e a diversidade das florestas.

• Ciclagem de nutrientes: O hábito de forragear e escavar do quati contribui para a ciclagem de nutrientes no solo. Suas atividades de escavação ajudam a aerar o solo e a misturar camadas, facilitando a decomposição da matéria orgânica e promovendo a fertilidade do solo.

• Importância cultural: Em algumas culturas indígenas e locais, o quati tem significado cultural e histórico. Eles podem aparecer em mitos, lendas ou tradições, desempenhando um papel simbólico ou espiritual.

• Indicador de saúde do ecossistema: A presença e a saúde das populações de quatis podem ser indicadores da saúde de um ecossistema. Mudanças em suas populações podem refletir alterações ambientais mais amplas, como perda de habitat, poluição ou fragmentação de habitat.

• Ecoturismo e educação ambiental: Em áreas onde os quatis são encontrados, eles podem atrair turistas interessados na vida selvagem, contribuindo para a economia local através do ecoturismo. A presença de quatis em áreas protegidas pode ser usada como uma ferramenta para educar o público sobre a importância da conservação da biodiversidade e dos ecossistemas.

Por fim, os quatis desempenham múltiplos papéis relevantes nos ecossistemas em que habitam. Embora não estejam diretamente ameaçados de extinção, suas populações vem caindo, juntamente com a biodiversidade florestal. A conservação dos quatis é essencial para a manutenção da biodiversidade e da funcionalidade dos ecossistemas tropicais.

Artigos e referências: 

• Cuarón, A.D., Helgen, K., Reid, F., Pino, J. & González-Maya, J.F. 2016. Nasua narica. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T41683A45216060. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-1.RLTS.T41683A45216060.en. Accessed on 05 April 2024.
• Emmons, L. & Helgen, K. 2016. Nasua nasua. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T41684A45216227. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-1.RLTS.T41684A45216227.en. Accessed on 05 April 2024.
• K.-P. Koepfli; M. E. Gompper; E. Eizirik; C.-C. Ho; L. Linden; J. E. Maldonado; R. K. Wayne (2007). “Phylogeny of the Procyonidae (Mammalia: Carvnivora): Molecules, morphology and the Great American Interchange”. Molecular Phylogenetics and Evolution. 43 (3): 1076–1095. CiteSeerX10.1.1.495.2618. doi:10.1016/j.ympev.2006.10.003.
• Wozencraft, W. C. (2005). “Order Carnivora”. In Wilson, D. E.; Reeder, D. M. (eds.). Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference (3rd ed.). Johns Hopkins University Press. pp. 625–626. 

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