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Esperança para o gorila

Esperança para o gorila: como muitos dos grandes mamíferos que persistem na natureza, a situação dos últimos gorilas selvagens não é animadora. No entanto, iniciativas de conservação mostraram bons resultados, incluindo o crescimento de algumas populações de gorilas.

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Esperança para o gorila, o maior dos primatas

28/4/2023 ::  Marco Pozzana, biólogo

Primata fascinante por seu tamanho avantajado, força e inteligência, atributos que estes que o consagraram como um dos animais selvagens mais admirados por pessoas em todo o mundo. Mas mesmo com tanto interesse em preservar os gorilas esses preciosos mamíferos tem, de modo geral, declinado nas florestas tropicais da África.

Os gorilas são primatas endêmicos das florestas tropicais do centro da África. Existem duas espécies, G. gorilla e G. beringei, cada uma com duas subespécies conhecidas, todas ameaçadas de extinção.

Trata-se do maior dos primatas que ainda persistem. Sua dieta alimentar é essencialmente herbívora, alimentando-se de frutas, folhas e brotos. Todavia, insetos também fazem parte de sua dieta, representando menos de 2% do seu alimento.

O luto do gorila
Todas as espécies (e subespécies) de gorilas estão listadas como ameaçadas ou criticamente ameaçadas na Lista Vermelha da IUCN.

Gorilas machos são bem maiores que as fêmeas, com um animal adulto medindo normalmente entre 1,4 e 2 metros de altura e pesando entre 140 e 230 kg, embora possam chegar a 300 kg. São considerados altamente inteligentes, sendo até capazes de aprender linguagem de sinais. Podem até rir e ter emoções complexas, desenvolver fortes laços familiares, elaborar e usar ferramentas, entre outras funções cognitivas sofisticadas.

Os gorilas vivem em grupos normalmente liderados e protegidos por um “silverback” ou “dorso prateado”, macho adulto com um harém de diversas fêmeas adultas e seus descendentes. Um silverback tem em geral mais de 12 anos de idade e recebe esse nome por causa da mancha distinta de pelos prateados nas costas e grandes dentes caninos que vem com a maturidade.

Esperança para o gorila

O drama dos gorilas

O médico norte-americano Thomas S. Savage foi quem descreveu o gorila-do-ocidente pela primeira vez (como o nome Troglodytes gorilla) em 1847 a partir de espécimes obtidas na Libéria. Desde então os gorilas sofreram intensamente com a caça e o desmatamento de suas florestas entre outros problemas e só não foram extintos graças aos programas de conservação.

Dian Fossey bióloga
Dian Fossey

Todas as espécies (e subespécies) de gorilas estão listadas como ameaçadas ou criticamente ameaçadas na Lista Vermelha da IUCN. Os gorilas-da-montanha (Gorilla beringei beringei) são os mais ameaçados, com uma população estimada em apenas cerca de 880 indivíduos na natureza e nenhum em zoológicos.

Entre os maiores problemas para a conservação estão a destruição do habitat e a caça ilegal para o comércio de carne de caça. Além disso, os gorilas tem muitas semelhanças com os humanos e são suscetíveis a doenças pelas quais os humanos também são infectados, como a COVID-19. Um estudo de 2006 publicado na New Scientist aponta que mais de 5.000 gorilas podem ter morrido em surtos recentes do vírus Ebola na África.

Uma chance de mudança

Os governos dos países onde vivem gorilas proibiram sua matança e comércio, mas a fraca fiscalização ainda representa uma ameaça, uma vez que os governos raramente prendem caçadores, comerciantes e consumidores.

Diversas ações estão em curso para garantir um futuro para os gorilas nas florestas da África. Os esforços de conservação incluem o International Gorilla Conservation Programme (IGCP), além de ongs e entidades como Mountain Gorilla Conservation e o Dian Fossey Gorilla Fund. Também está em prática o Acordo Sobre a Conservação dos Gorilas e Seus Habitats (também chamado simplesmente Acordo Gorila), um tratado internacional que une vários países africanos com o objetivo de conservar gorilas nos seus territórios.

Tais ações apresentam resultados discretos mas positivos. Um exemplo é um aumento na população de gorilas-das-montanhas, de acordo com o último levantamento em 2018 da IUCN.

Temos muitos motivos para lutar pela conservação desses fascinantes primatas: eles são considerados animais essenciais para a preservação do ecossistema das florestas tropicais da África Central, ajudando a espalhar sementes de plantas e mantendo o equilíbrio das espécies e biodiversidade da região.

Além disso, são culturalmente importantes para as populações locais que vivem nas áreas onde eles habitam, muitas vezes vistos como símbolos de poder e sabedoria, com suas histórias transmitidas através de gerações. A preservação dos gorilas pode trazer benefícios econômicos para as comunidades locais através do turismo ecológico, gerando empregos e oportunidades de renda.

Fontes e referências: 
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