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Crejoá

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Crejoá: Com a cor exuberante azul-cobalto predominando no corpo e o peito púrpuro escuro, esta bonita ave encanta os amantes da natureza. O problema é que a espécie que já é raríssima continua desaparecendo.

Crejoá: uma das mais belas e ameaçadas aves do Brasil

29/11/2023 ::  por Marco Pozzana

A Mata Atlântica é uma das áreas mais ricas em biodiversidade do planeta, abrigando inúmeras espécies de plantas e animais. Mas o que resta da floresta hoje é apenas uma pequena parte do que havia há alguns séculos e muita dessa riqueza biológica já desapareceu para sempre. Certas espécies de animais tem populações tão frágeis que podem se extinguir em breve. Esse parece o caso da ave Crejoá (Cotinga maculata) da família Cotingidae, tida como uma das mais notórias famílias sul-americanas por causa da beleza das penas.

Foto: Jaílson Souza

Esta belíssima ave endêmica das florestas ombrófilas densas da Mata Atlântica (até 200 m de altitude) se encontra em perigo crítico de extinção principalmente por causa da destruição de seu habitat. Originalmente ocorria no sul da Bahia, Espírito Santo, leste de Minas Gerais e norte do Rio de Janeiro. Hoje os relatos indicam que está presente somente das Florestas Costeiras da Bahia, no sul do estado, até o Rio de Janeiro. A perda de hábitat provocada pelo desmatamento na região do Vale do Rio Doce foi apontada como provável causa da espécie ter desaparecido em Minas Gerais, mas acredita-se que a ave ainda possa ser encontrada no estado.

Cotinga maculata (Müller, 1776)

Com cerca de 20 centímetros de comprimento, os crejoá machos ostentam uma plumagem azul brilhante com manchas pretas nas costas. A garganta e a barriga por sua vez são roxas brilhantes com uma faixa azul no peito. As fêmeas, menos vistosas, são de um marrom opaco com algumas manchas brancas.

As crejoá se alimentam principalmente de frutos, em especial dos do murici-do-brejo (Byrsonima sericea) mas também de figos, frutas, complementando a dieta com lagartas e outros insetos. A fêmea faz seus ninhos em forma de cesta na copa das árvores e incuba ali seus filhotes.

Todas as espécies de aves com parentesco mais próximo do crejoá vivem na Amazônia, fato que torna evidente a antiga ligação que existia entre Amazônia e Mata Atlântica, especialmente em períodos de mais abundância de chuvas.

Conservação

Preservar a Mata Atlântica é vital para salvar as últimas populações do crejoá, que foi estimada em apenas de 50 a 249 animais maduros pela IUCN. Mesmo estando o Bioma melhor protegido do que o Cerrado ou a Amazônia, problemas graves tem afetado a floresta. Nesse mês, por exemplo, um incêndio de grandes proporções queimou uma área do tamanho de 170 hectares da Mata Atlântica preservada na Bahia. Outros problemas complexos como as mudanças climáticas, El Niño, entre outros afetam a região. Vale destacar que a beleza da espécie desperta a cobiça de colecionadores ilegais (o comércio das crejoás é proibido em todo o mundo).

Crejoá - Cotinga maculata
Cotinga maculata. Fotografada na RPPN Estação Veracel – Bahia, Brasil por Marco Cruz

Em suma, a situação parece muito grave para a conservação da espécie, mas a esperança permanece graças à existência de certas áreas protegidas, como a RPPN Estação Veracel e a Reserva Serra Bonita. A maior ameaça à sobrevivência da crejoá é o desmatamento. Lutar pela preservação desses animais significa proteger a floresta em que vivem, e vice versa. As aves contribuem para a rica biodiversidade atuando em importantes funções nos ecossistemas locais. Elas desempenham um papel crucial na polinização de plantas, promovendo a reprodução de diversas espécies vegetais. Estudos com essas aves também são de grande importância pois fornecem, entre outras informações valiosas, dados sobre a saúde dos ecossistemas e as mudanças ambientais.

Fontes e referências:

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