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Mata Atlântica, floresta de bichos pequenos

Mata Atlântica, floresta de bichos pequenos: Os animais de grande porte escassearam e os pequenos se tornaram dominantes, mas praticamente não houve extinções globais na Mata Atlântica, de acordo com estudos realizados a partir da base de dados Atlantic Series, cuja elaboração reuniu cerca de 400 biólogos, ecólogos e engenheiros florestais do Brasil e de outros países.

Mata Atlântica,
floresta de bichos pequenos

Por Carlos FioravantiPesquisa FAPESP 

Ao juntar informações de coleções biológicas de museus, artigos científicos, coletas de campo, bases on-line, dissertações de mestrado, teses de doutorado, relatórios técnicos e inventários de campo que haviam sido publicados ou não, os pesquisadores observaram também a resiliência – capacidade de adaptação – das espécies de mamíferos de grande e pequeno porte e de aves à extrema fragmentação da Mata Atlântica.

Equilíbrio ecológico, economia e ética
Perereca-macaco – Phyllomedusa rohdei. by
Renato Augusto Martins

A floresta que acompanha o litoral, entrando no interior de São Paulo e Minas Gerais, ocupa cerca de 15% da área estimada há cinco séculos, quando começou a colonização europeia, e se encontra dividida em centenas de pedaços, a maioria com menos de 1 quilômetro quadrado.

“Mesmo com uma redução de 85% da área da Mata Atlântica, não houve uma extinção em massa, pelo menos não ainda”, diz o biólogo Mauro Galetti, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro, e um dos coordenadores do trabalho.

Mata Atlântica se tornou ambiente de bichos pequenos – Mata Atlântica, floresta de bichos pequenos

mico-leão-preto
O mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus) corre risco de extinção. by Alan Hill

“Houve extinções locais, como a do macaco monocarvoeiro (Brachyteles arachnoides), que ocorria em boa parte da Mata Atlântica e hoje é raríssimo, mas encontramos poucas extinções globais entre as 2 mil espécies já examinadas.” Três espécies de aves – a coruja-marrom, a caburé-de-pernambuco (Glaucidium moorerorum), o pararu (Claravis geoffroyi) e o tietê-de-coroa (Calyptura cristata) – não são avistadas há mais de 20 anos e provavelmente já desapareceram. Entre os anfíbios, a única espécie considerada extinta é a perereca Phrynomedusa fimbriata, vista apenas no alto da serra de Paranapiacaba em 1896 e descrita em 1923.

O biólogo Fernando Lima, pesquisador da Unesp e do Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), com colegas de outras instituições do Brasil e da Argentina, encontrou grupos de pelo menos 50 onças-pintadas apenas em matas da serra do Mar, do alto Paraná e Paranapanema (oeste de São Paulo) e de Missiones, na Argentina.

“As populações de onças não chegam a 300 indivíduos, são poucas e estão muito isoladas, o que prejudica a continuidade da espécie”, diz. Por serem escassas, as onças deixaram de exercer o papel de predador de topo da cadeia ecológica.

Em consequência, os competidores de porte médio como a onça-parda e a jaguatirica (Leopardus pardalis) ganham espaço, com efeitos imprevisíveis sobre as populações das habituais presas, como capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) e porcos selvagens como catetos (Pecari tajacu) e queixadas (Tayassu pecari).

>> Confira o artigo completo no site da Revista Pesquisa Fapesp – revistapesquisa.fapesp.br/2018/05/23/as-metamorfoses-da-mata-atlantica/

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