Sofrimento animal: Cenas de exploração e sofrimento de porcos foram vistas em instalações da JBS e outras empresas.
Sofrimento animal
11/3/2021 :: Por Josué Fontana
A ONG internacional Mercy For Animals (MFA) tornou pública uma investigação que documenta a exploração e o sofrimento de porcos em um abatedouro da Seara Alimentos (JBS) e em granjas de porcos localizadas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, incluindo uma granja integrada à JBS.
Esse é um dos mais extensos trabalhos de registro das condições de granjas de porcos no Brasil e a primeira investigação de uma ONG de proteção animal realizada em um grande frigorífico no país.
Foram investigadas cinco granjas em dois estados e um abatedouro. A investigação documentou cenas de extremo sofrimento animal, como:
- Porcas mães confinadas em celas de gestação tão pequenas que elas sequer podiam virar-se de lado ou deitar-se de forma confortável;
- Animais vivendo em baias de concreto em condições precárias de higiene e sofrendo com ferimentos e doenças, tais como orelhas inflamadas, hérnias umbilicais, membros machucados, tremores, tontura e problemas respiratórios;
- Animais atordoados com choques elétricos e posteriormente sangrados até a morte;
- Corpos com intestinos rompidos contaminados com fezes, cistos renais, alterações em diversos órgãos e, muitos deles, com indícios de pneumonia.
Vídeo revela sofrimento animal em abatedouros e granjas de porcos no Brasil
Apesar de duras, as imagens revelam práticas ainda recorrentes na indústria alimentícia brasileira.
Isso equivale ao tamanho de uma poltrona de avião. Estima-se que cerca de 80% das porcas reprodutoras no Brasil — algo em torno de 3,8 milhões de animais — são mantidas em celas individuais de gestação durante a maior parte de suas vidas. Tal prática é tão inaceitável que já foi banida em 10 estados dos EUA, no Canadá, na Nova Zelândia, na Austrália e em toda a União Europeia.
As maiores empresas de carne suína do Brasil — Aurora, BRF, Frimesa, JBS e Pamplona — ainda utilizam celas individuais de gestação em suas operações; porém, já anunciaram o compromisso de substituí-las por celas de gestação coletivas, que deve se completar até 2026. A Alegra Foods se comprometeu a fazer o mesmo até 2029.
Sofrimento dos animais, pecuária industrial e saúde pública
“Além do sofrimento imposto aos animais, a pecuária industrial pode representar um sério risco à saúde pública. Manter animais em locais superlotados e em condições insalubres e estressantes, como ocorre regularmente nas fazendas industriais, aumenta o risco de que patógenos potencialmente mortais se desenvolvam e se espalhem entre seres humanos”, afirma Sandra Lopes, diretora executiva da Mercy For Animals no Brasil.
Em 2019, mais de 46 milhões de porcos foram mortos pela indústria no Brasil, segundo o IBGE. De acordo com a mesma instituição, ao fim desse período, havia 4,8 milhões de porcas mães no país.
A Mercy For Animals já realizou mais de 80 investigações secretas em diferentes países, documentando casos de sofrimento animal extremo que chocam e deixam a maioria das pessoas horrorizadas. Em 2017, a Mercy For Animals expôs, pela primeira vez, a terrível realidade da indústria de porcos no Brasil — como a mutilação de animais sem anestesia e o confinamento de mães porcas em celas de gestação tão minúsculas que mal podem se mover durante a maior parte de suas vidas. Em 2020, outra investigação realizada no país, narrada pela apresentadora Xuxa Meneghel, mostrou animais sendo agredidos com varas e bastões elétricos.
Fonte: Mercy For Animals
Fundada há mais de 20 anos nos Estados Unidos e atuante há 5 anos no Brasil, a Mercy For Animals é uma das maiores organizações não governamentais focadas em animais considerados de consumo e se dedica a transformar o atual sistema alimentar, substituindo-o por um que não apenas seja mais gentil com os animais, mas que também garanta um futuro melhor para as pessoas e o nosso planeta. A Mercy For Animals também opera em outros países da América Latina, no Canadá e na Índia. Mais informações www.mercyforanimals.org.br