Biólogo

Spix, o biólogo aventureiro

Spix, o biólogo aventureiro: Pioneiro na exploração da biodiversidade brasileira, Spix levou para a Europa cerca de 9000 espécies de plantas e animais, fruto de uma arriscada expedição em nossas matas.

Spix, o biólogo aventureiro

1/6/2021 ::  Por Josué Fontana

Em uma época que somente a travessia do Oceano Atlântico já era muito arriscada, imagine se embrenhar na floresta tropical e se expor a doenças tropicais e muitos outros perigos que nossas matas poderiam oferecer. Assim foi a viagem de Von Martius e Spix, uma ousada expedição em um Brasil com uma diversidade biológica que não existe mais.

Johann Baptist von Spix

Médico de formação, Spix era um cientista nato. Mais especificamente, seu talento era para a biologia, embora naquele tempo não houvesse uma formação em ciências biológicas propriamente dita. Seu interesse crescente era na natureza, nas plantas e animais.

Johann Baptist von Spix nasceu na Alemanha em 9 de fevereiro de 1781. Se graduou como doutor em filosofia e, mais tarde, estudou teologia. Conforme o interesse pelo mundo natural crescia, abandonou a teologia e se iniciou na medicina, concluindo novamente um doutorado em 1807.

Já atuava como médico quando foi nomeado pelo Rei Maximiliano I como estudante de zoologia em 1808. Recebeu uma bolsa para estudar em Paris com Georges Cuvier, entre outros.

Documentário Borboletas

Fez então uma excursão à costa da Normandia, no norte da França. Também viajou para o sul da França e Itália, estudando e coletando animais.

Em 1810 voltou a Munique, onde classificou a coleção zoológica e escreveu sua primeira publicação sobre estrelas do mar e outros animais marinhos.  Após a publicação, um livro sobre a história da classificação zoológica, publicado em 1811, ele foi nomeado membro da Academia de Ciências da Baviera.

Publicou diversos outros trabalhos. O mais importante foi uma morfologia comparativa dos crânios de animais diferentes. Este livro, Cephalogenesis foi publicado em 1815, escrito em latim e muito bem ilustrado.

Ilustração do velame-branco na Flora Brasiliensis

A perigosa viagem ao Brasil

Spix e o seu colega Carl von Martius foram convidados para realizar uma expedição ao Brasil em 1817 para descrever sua fauna e flora, quase totalmente desconhecidas até então. Partiram para o Brasil com um grupo de naturalistas austríacos que acompanhavam Maria Leopoldina da Áustria, futura imperatriz do Brasil.

Chegaram no Rio de Janeiro, mas logo deixaram o grupo austríaco e seguiram sozinhos pelo Brasil. Ele e Martius viajaram do Rio de Janeiro ao norte de São Paulo. No trajeto, foram acompanhados pelo pintor Thomas Ender.

Seguiram para Minas Gerais, onde descreveram a mineração de diamantes. De lá, seguiram para o continente e para o litoral de Salvador.

Eles cruzaram a Caatinga no Nordeste coletando e descrevendo animais e plantas, sofrendo também com doenças graves e falta de água para beber. Eles descreveram os povos indígenas e seus hábitos. Também descobriram peixes fósseis da Formação Santana.

Seguiram até o rio Amazonas, onde os companheiros se separaram. Spix foi para Tabatinga (fronteira com o Peru) e Manaus. Martius foi de barco até o rio Yupurá e de lá trouxe duas crianças indígenas brasileiras.

Os dois retornaram em 1820 para a Europa com milhares de plantas, animais e objetos. O extenso material foi a base da coleção do Museu de História Natural de Munique. A obra foi publicada com o nome de Viagem pelo Brasil 1817-1820.

Vídeo: Spix — o cientista que desbravou o Brasil

Curiosidades:

Fontes e referências:
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