Uso sustentável do solo: Humanidade utiliza mais de 70% da superfície terrestre sem gelo e atividades primárias respondem por quase um quarto das emissões de gases de efeito estufa
Uso sustentável do solo
Set/2019 :: por Marcos Pivetta / Pesquisa FAPESP
Dois fatores pressionam o uso da terra no planeta, de acordo com o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em Genebra, Suíça, em 8 de agosto.
O primeiro é a crescente população global, hoje em torno de 7,7 bilhões de pessoas, que aumenta a demanda por comida e recursos naturais. O segundo são as mudanças climáticas, que criam novos desafios na difícil relação da humanidade com o solo do planeta.
A ação do homem se dá fundamentalmente por meio de atividades agropecuárias, uso do solo urbano e preservação de áreas naturais.
Ao optar, por exemplo, por converter uma área de floresta nativa – que estocou uma quantidade considerável de carbono em sua biomassa – em pastagem para criação animal, promove-se uma grande emissão de gases de efeito estufa. As escolhas feitas pelo homem podem minimizar ou exacerbar as mudanças climáticas, que, por sua vez, levam a sociedade a novas decisões sobre como utilizar o solo, em um processo que se realimenta.
O uso do solo e as mudanças climáticas
Diferentemente de seus grandes e abrangentes relatórios gerais sobre a situação do clima terrestre, dos quais já foram produzidas cinco edições (a sexta está em preparação, com lançamento previsto para o início de 2021), o novo documento do IPCC é um relatório especial, que trata de um tema mais específico.
No caso, das relações entre o uso da terra e as mudanças climáticas, com ênfase em assuntos como desertificação, degradação do solo, manejo sustentável da terra, segurança alimentar, produção de biocombustíveis e fluxos de gases de efeito estufa em ecossistemas terrestres. Esse é o segundo relatório especial, que foi escrito e editado por 107 autores de 52 países, incluindo quatro autores brasileiros.
O primeiro, divulgado em outubro de 2018, falava dos impactos climáticos do aumento de 1,5 ºC na temperatura global nas próximas décadas. Devido ao seu recorte, o novo documento não aborda a necessária redução da queima de combustíveis fósseis e foca essencialmente nas relações do homem com a superfície do planeta.
“A terra desempenha uma função importante no sistema climático”, disse, em comunicado durante o lançamento do relatório, o escocês Jim Skea, professor do Centro de Políticas Ambientais do Imperial College de Londres.
“A agricultura, a silvicultura e outros tipos de uso da terra representam 23% das emissões humanas de gases com efeito de estufa. Ao mesmo tempo, os processos naturais dos ecossistemas terrestres absorvem dióxido (CO2) de carbono equivalente a quase um terço das emissões de dióxido de carbono da queima dos combustíveis fósseis.” Skea é copresidente do Grupo de Trabalho III do IPCC, que estuda formas de mitigar as mudanças climáticas, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa ou retirando-os da atmosfera.
>> Para saber mais, leia o artigo completo no site da Revista Fapesp > O uso do solo e as mudanças climáticas