início bocadomangue Mario Moscatelli

CIDADE DO CAOS

Na onda lançada pelo último ex-prefeito das cidades disso e daquilo, o atual, segundo o que foi veiculado na mídia, tem a intenção da construção em sua gestão da “Cidade do Futebol” com vistas à copa de 2014.

    Pois bem, nem acabamos de entrar no escândalo mudo e surdo da “Cidade da Música” onde toda hora tem um custo novo e mais alto para o trombolho que jaz em plena Barra da Tijuca, e que ainda não se sabe quando vai ser finalizado e nem por quanto vai custar a tal finalização e lá vem uma novidade dessas.

    Sempre é bom lembrar que os políticos nunca foram bons de contas, principalmente quando não é do bolso deles que sai o dim-dim para suas megalomaníacas idéias. No caso dos Jogos Pan Americanos o que iria custar umas dezenas de “milhõezinhos” de reais acabou custando várias centenas de “milhõezinhos” de reais, situação semelhante ao trombolho surdo e mudo, acima mencionado. Detalhe, esses mesmos “milhõezinhos” são os que faltam em áreas de infra-estrutura básica que qualquer cidade que se apresente para sediar até uma festa junina, deveria ter.

    Acho que os administradores tupiniquins de tanto passarem as férias em Orlando, a cidade norte-americana temática dos parques de diversão, acharam sabe-se lá porque, que o Rio de Janeiro, uma cidade “segura” e sem qualquer “probrema” de infra-estrutura de transporte e saneamento básico, saúde, habitação e educação, poderia se lançar como a “Orlando Tupiniquim”.

    Para quem nunca foi, posso garantir que existe certa diferença entre ambas as cidades e que com certeza Orlando deve ter seus problemas, mas nada, mas nada mesmo que se aproxime com os que diariamente enfrentamos em nossa cidade do caos.

    Ora, se eu tenho de me deslocar para algum ponto de trabalho utilizando meu carro sem blindagem, sem escolta e sem insulfilm, através da linha amarela e vermelha, tomo o cuidado na escolha dos horários que utilizarei nessas vias, visando fugir das estatísticas de assaltos, balas perdidas e arrastões, situação inconcebível com nossa prima rica norte-americana, onde as vias apresentam asfalto de verdade, onde buraco é coisa que só se vê na televisão e quando acontece algo fora do normal, aparece tanta polícia que você até acha que invadiram a cidade. Lá tem engarrafamento? Tem sim, visto que por mais absurdo que pareça em termos de um planeta que padece de aquecimento global o que impera são os veículos automotores individuais, mas nada que se aproxime com o caos que impera praticamente em todo o período diurno e em parte do noturno em nossa cidade de ruas esburacadas, mau iluminadas, estreitas e fedorentas.

    Fico pensando, porque pelo menos uma vez nos seus quatrocentos e tantos anos de existência, não aparece algum administrador público que olhe de fato para nossa cidade como um organismo vivo, mal tratado, que pode ser recuperado e não como uma prostituta à ser explorada de todas as formas e maneiras até a exaustão. Até quando, me pergunto, vamos continuar construindo monumentos para serem logo em seguida abandonados, como é o caso do complexo construído para os jogos Pan Americanos e que como eu “para-anormal ambiental” já havia cantado a bola, que logo em seguida seria abandonado ou na melhor das hipóteses sub-utilizado pelos seus mentores.

    É aquela história, acabou a festa, acabaram-se os holofotes, acabou-se o palanque, entregaram-se as medalhas, tirou-se várias casquinhas dos atletas vencedores e quem for o último que apague a luz e pague a conta!

    No caso da tal “Cidade do Futebol” se a iniciativa privada quiser botar dinheiro de seu bolso, acho ótimo e a administração do museu deve ficar, é claro, sob a responsabilidade integral da iniciativa privada visando ganhar bastante dinheiro com o equipamento e mantê-lo sempre tinindo, pois tenho certeza que se o poder público pegar que seja num pedaço do projeto é prejuízo para o contribuinte achacado e falência na certa por falta de manutenção e excesso de custos na folha de pagamento para receber aspones, cabos eleitorais e outras criaturas do mal que normalmente representam a “muderna corte” de nossa tão prestigiosa classe política.

O ESTADO DELINQUENTE
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    Enquanto isso, os rios continuam podres e junto deles lagoas e baías, e apesar das importantes intervenções na municipalidade materializadas em inúmeras demolições, o crescimento desordenado continua morro acima, mangue e brejo adentro. Políticas de habitação baseadas naquelas idéias fenomenais arrotadas por todos os candidatos em época de campanha, salvo meu engano, por enquanto nada na prática.

    Enfim, sobram as fotos para quem quiser ver e entender o motivo de tamanha incredulidade de minha parte quando o auto-denominado poder público diz de má vontade que vai “enviar seus técnicos ao local” e “tomar as ações cabíveis”.

    Me engana que eu gosto!

Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br - . . . . . . . . . . . www.osvinhos.com.br . . . . . . . . o global

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