início bocadomangue Mario Moscatelli

BOSTOLÂNDIA

Cansado de ver tanta maracutaia, tanto fôro privilegiado, tanta sacanagem explícita em horário nobre, decidi viajar para algum lugar onde eu pudesse relaxar e conseguir de novo ter confiança no futuro. Pois bem, recebi da estatal de águas e esgoto um vale caca com direito só de ida para Bostolândia. Lugar conhecido internacionalmente pelas inúmeras cagadas geográficas, geradas incondicionalmente pela merda de classe política que lá se perpetua geneticamente há quase quinhentos anos, lá fui eu para um tour aéreo nesse lindo e fedorento lugar.

Fiquei sabendo pelo guia que a classe política dominante local, passa 100% do tempo pensando como surupiar dinheiro de seus idiotas contribuintes, que em tudo acham motivo para rir e fazer graça de suas desgraças. Esse estado de eterno carnaval mental demonstra, segundo o guia, o claro resultado de experiências perversas que geraram uma nova espécie dominante numericamente em Bostolândia, o Homo fecalis , aquele que só pensa, faz e fala merda, além de pagar impostos.

Neste contexto fedorento e não menos alegre, o cúgresso de Bostolândia, representante legítimo dos cornos mansos que eleição após eleição votam nos mesmos ladrões, que roubam nem fazem, os ditos representantes do polvo, com seus inúmeros tentáculos além de freqüentarem animados serões noturnos em homenagem à república, perdem-se em discussões filosóficas de quais empresas devem sair os fundos para os pagamentos das diversas relações extra-conjugais. Tudo é claro, dentro da lei e com direito à julgamento secreto, votação secreta, ameaça de contar todas as sacanagens dos demais legisladores, etc, etc. Enfim tudo como manda a cartilha de uma republiqueta de merda.

Ultrapassado o conhecimento desses detalhes privativos da vida política de Bostolândia, fui eu visitar a Cancum local, também conhecida carinhosamente como Cocon.

Cagolândia, outrora cidade de encantos mil coração de Bostolândia, por meio de inúmeras administrações parasitas onde apenas se queria saber de faturar até acabar, transformou e consolidou nos últimos trinta ânus, a vocação desta cidade para a porta do purgatório da beleza e do caos.

Lá do alto, por onde você procure por água, você só encontra merda. Lá do alto você enche o pulmão com aquele cheiro de merda, metano, gás sulfídrico, e dióxido de carbono e começa a ver gnomos e fadas marrons, cheios de mosquinhas voando em volta. Passados alguns minutos de puro contato com o mais íntimo produto do Homo fecalis, você se dá conta que acabou ficando doidão com a mistura de gases psicodélicos expelidos pelos corpos dágua, digo latrinas, ao qual baías, lagoas e rios foram transformados por tão eficientes merdas de governantes.

Alguns destes, se dizem até muito religiosos, no entanto não explicitando na verdade para quais entidade$$$ os mesmos rezam.

Em Cocon, a Miami de Bostolândia, as mudernas construções e as extensas favelas se encontram democraticamente, sem preconceitos nas águas lagunares, por onde merda de ricos e pobres, irmanadas pela inconseqüência de um sociedade com merda na cabeça, descem felizes de mãos dadas, valão abaixo, rios abaixo, lagoas abaixo até chegarem na praia do Pôpô. Lá nas águas e areias contaminadas, onde corpos bronzeados e bem esculpidos pegam windsheet, ou onde os cocoboys, em suas poderosas lambretas marinhas, espalham coliformes voadores na cara das animadas cocogirls, tudo num clima super prá cima. Indo para a mais famosa latrina de Cagolândia, os menos abastados, mas não menos produtores de caca, defecam seus subprodutos na rede de drenagem que vão parar na baía de Cagolândia que serve de privada para coisa de sete milhões de intestinos sedentos por liberdade.

Preocupados com o possível transbordamento de merda, os competentes administradores de Cagolândia, vêm gastando bilhões de dólares para implantar um sistema que só para variar nunca chega a objetivo nenhum. Enquanto isso, mais intestinos se unem aos já existentes, todos num único objetivo, livrar-se de sua carga que não para de crescer.

Após algumas horas em Bostolândia, senti saudades de minha cidade, onde felizmente tudo funciona perfeitamente, onde os administradores públicos são pessoas de bem, onde tudo que pode, é reciclado e, portanto todos os impostos pagos são integralmente usados única e exclusivamente para melhorar cada vez mais a vida dos cidadãos.

Pensei, pôxa deve ser difícil viver em Bostolândia......

Em anexo, algumas fotos de lembrança da minha viagem.

Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br

comente aqui

imprimir
imprimir a página
artigo anterior
confira os arquivos

meio ambiente | ongs | universidades | página inicial

A opinião dos colunistas é de inteira responsabilidade dos mesmos