Biólogo

Dromiciops, um marsupial resiliente

Dromiciops gliroides: único representante vivo da antiga ordem Microbiotheriaos, o número de indivíduos dessa espécie endêmica do sudoeste da América do Sul tem caído e agora é classificada como “quase ameaçada” pela IUCN.

Dromiciops, um marsupial resiliente

27/5/2022 ::  por Marco Pozzana, biólogo

Conhecido popularmente como “Monito del Monte” o Dromiciops gliroides é uma espécie particularmente interessante por diversas razões.

Dromiciops gliroides Thomas, 1894

Esse marsupial encontrado somente em parte do território da Argentina e do Chile é tido como um “fóssil vivo“, termo não científico utilizado para designar seres de grupos biológicos modernos que são os únicos representantes de grupos que foram bem mais abundantes e diversificados há milhões de anos.

Apesar de terem sido muito abundantes, os outros membros da sua ordem acabaram se extinguindo entre o oligoceno e o mioceno.

A espécie é noturna e arborícola, desempenhando um importante papel ecológico na dispersão de sementes, como sustenta um estudo de 2009.

Tristerix corymbosus

É considerado o único agente de dispersão para uma planta, Tristerix corymbosus, da família Loranthaceae. Sem o Monito del Monte ela provavelmente se extinguiria. O fruto de T. corymbosus é ingerido pelo Dromiciops, e a germinação ocorre no intestino. Os cientistas apontam que a coevolução dessas duas espécies pode ter começado entre 60 e 70 milhões de anos atrás.

Algumas características:

D. gliroides hibernando no inverno. Wikimedia

Conservação:

A população de Dromiciops tem diminuído o que levou a IUCN a classificar a espécie como “quase ameaçada”. Muitos fatores contribuem para o declínio.

Suas florestas tem sido alvo de desmatamento e fragmentação, formando um quadro de degradação de seu habitat tido como a principal ameaça para as populações.

O gato doméstico (Felis catus) também está relacionado com o declínio do Dromiciops. A crendice dos nativos de que o Monito del Monte traz má sorte, ou de que é venenoso e transmite doenças também não ajudam.

Embora pouco esforço de proteção esteja sendo realizado no momento, há estudos ecológicos sendo conduzidos na Ilha de Chiloé que podem ajudar futuros esforços de conservação.

Fontes e referências:

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