Biólogo

Leão-do-atlas

Leão-do-atlas:  um grande e imponente leão, com uma enorme juba negra que lhe cobria boa parte do corpo. Assim era o leão-do-atlas, que dominava parte do norte da África e regiões do Egito a Marrocos, antes que os homens e suas armas de fogo pusessem fim ao seu reinado.

Leão-do-atlas, onde anda o gigante?

30/8/2021 ::  Por Josué Fontana

O Leão-do-Atlas ou Leão da Barbária (Panthera leo leo) teve seus tempos de glória. Lentamente, a presença do homem foi impactando as populações do animal, mas mesmo quando os romanos o faziam lutar com outras feras, como o extinto Tigre-do-cáspio em pleno Coliseu, o leão-do-atlas resistia bem em savanas, florestas e montanhas. Todavia, chegou um tempo em que foi abatido aos milhares pelos homens e suas armas modernas.

Foto de 1897 do Leão que vivia no Zoológico de Nova Iorque.

Acredita-se que o último leão-do-atlas em liberdade foi morto em 1922 em Marrocos, na região dos montes Atlas. Desde então é considerado extinto na natureza, e tinha-se como certo que esta subespécie estava completamente eliminada. Até serem encontrados, em cativeiro, animais com características da subespécie Panthera leo leo.

Outros nomes:  Leão da Barbária, Leão berbere ou Leão Egípcio

O animal vivia no norte da África, do Marrocos ao Egito, especialmente nas montanhas e desertos da costa da Barbária, mas avistamentos dos séculos XIX e XX mostram que o leão-do-atlas também habitava florestas e bosques e mediterrâneos.

Características:

Em relatos de caçadores do século XIX, era considerado o maior leão, com um peso dos machos variando de 270 a 300 kg. Porém, tais dados antigos medidos em campo são questionáveis. De qualquer forma, era um animal muito grande, tido como uma das maiores subespécies de leão. O maior já registrado foi um macho de 3,25 metros de comprimento, incluindo sua cauda de 75 cm.

Foto colorizada de um macho de leão da Barbária (Panthera leo leo), Argélia. © Sir Alfred Edward Pease

O comprimento da cabeça à cauda de machos empalhados em coleções zoológicas varia de 2,35 a 2,8 m e o tamanho do crânio variando de 30,85 a 37,23 cm. A juba tinha de 8 a 22 cm de comprimento. O leão-do-atlas pode ter desenvolvido crinas de pêlo comprido, devido às temperaturas mais baixas das Montanhas Atlas do que em outras regiões africanas.

Extinção do Leão-do-atlas na natureza
* A última fotografia de um leão-do-atlas em 1925

Incentivados por recompensas pagas para quem matasse leões, em meados do século XIX a população de leões da Barbária diminuiu drasticamente. As florestas de cedro e as montanhas vizinhas na Argélia abrigaram o leão-do-atlas até cerca de 1884.

Os mesmos desapareceram de Bônen, na Argélia, em 1890, nas regiões de Khroumire e Souk Ahras em 1891 e na província de Batna em 1893. 

No início do século XX, os leões do atlas já eram raros. Entre 1839 e 1942, os avistamentos de leões selvagens eram de animais solitários, pares ou pequenos grupos familiares. A análise desses avistamentos indica que os leões continuaram vivendo em bandos, mesmo intensamente caçados, principalmente ao leste do Magrebe. 

A última fotografia de um leão do atlas nas montanhas do Atlas foi tirada por Marcelin Flandrin em um voo de Casablanca para Dacar em 1925 (foto*). A última matança na Barbária ocorreu em 1942 na parte marroquina das Montanhas Atlas.

veja também: Leão do Cabo

Uma pequena população pode ter sobrevivido em montanhas remotas até o início dos anos 1960. O último avistamento conhecido de um Leão da Barbária na Argélia ocorreu em 1956.

Uma esperança para a linhagem do leão-do-atlas
Filhotes na República Tcheca

Descobriu-se que alguns leões de zoológicos ao redor do mundo são descendentes dos leões-do-atlas, porém estão hibridizados. Os felinos do zoológico Tebara, em Marrocos, revelaram-se com a linhagem genética próxima ao Panthera leo leo.

Com base nessa descoberta, surgiu um projeto para recriar o leão-do-atlas por meio de uma criteriosa reprodução entre seus descendentes. A iniciativa deu resultados, e em 2019 nasceram 2 filhotes de leão-do-atlas na República Tcheca. A reintrodução no ambiente selvagem original é difícil e polêmica, porque esses lugares se encontram em grande parte degradados e povoados por humanos e animais de criação.

Fontes e referências:
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