Tigre-do-cáspio: Um majestoso felino desaparecido, que há pouco vagava por extensas regiões do nosso planeta. Essa é a história do Tigre-persa (Panthera tigris tigris), subespécie de tigre classificada como extinta no início do novo milênio.
Tigre-persa, a queda de um gigante
17/5/2021 :: Por Josué Fontana
O Tigre-do-cáspio (ou Tigre Persa) chegou a ocupar vastas regiões que incluíam parte do leste da Turquia, norte do Irã, Mesopotâmia, Cáucaso ao redor do Mar Cáspio, Ásia Central ao norte do Afeganistão e no oeste da China.
Ao longo do século XIX grande parte da área onde vivia a subespécie foi anexada pelo Império Russo. No começo do século XX, o governo russo pretendia colonizar a região e determinou que o felino não seria tolerado. Iniciou então uma campanha para eliminar os tigres, chegando até a mandar o exército para matar os animais encontrados nas proximidades do Mar Cáspio.
Após o extermínio dos felinos, as florestas foram derrubadas para dar lugar a plantações. Diante desse cenário o tigre-do-cáspio foi forçado para os fragmentos de florestas. Depois refugiou-se nos pântanos e por fim para as montanhas, até ser extinto completamente. Na antiga União Soviética foram vistos pela última vez nos anos 1950.
Divergências quanto a extinção
A data mais aceita pelos biólogos para o período em que a subespécie teria sido extinta é o final dos anos 1950. No entanto, não existe consenso. Alguns afirmam que o último animal foi morto no Irã em 1959. Há também indícios de um assassinato de um exemplar desta subespécie nos anos 1970 em Uludure, leste da Turquia. Outras fontes dizem que o último Tigre-persa foi capturado e morto em 1997 no norte do Afeganistão.
Outros ainda sustentam que o Tigre-do-cáspio não foi extinto, uma vez que ainda ocorrem relatos de avistamentos.
Tigre-do-cáspio (Panthera tigris tigris)
O felino foi oficialmente classificado como extinto em 2003. Todavia, segundo testes de DNA, o Tigre-do-cáspio não está extinto quando comparado com as restantes subespécies de tigre.
Verificou-se que, na prática, o Tigre-do-cáspio e o Tigre-siberiano são a mesma população, sendo extremamente próximos. O DNA do tigre-do-cáspio difere em apenas uma letra do código genético do tigre-siberiano.
Resultados da análise filogeográfica evidenciam que as populações de tigres do Cáspio e da Sibéria compartilharam uma distribuição geográfica comum até o início do século XIX.
Sinônimos:
- P. t. septentrionalis (Satunin, 1904) ; P. t. virgata (Illiger, 1815); P. t. trabata (Schwarz, 1916)
Características e curiosidades
- Das populações de tigre, a do Tigre-persa era uma das maiores, perdendo somente para o tigre-de-bengala e o tigre-siberiano.
- A pelagem era amarelo-dourada, mais clara que a do tigre-de-bengala. A cor de suas listras era uma mistura de tons de marrom ou canela. Padrões de preto puro eram encontrados apenas na cabeça, pescoço, meio das costas e na ponta da cauda.
- Fotografias de peles de Tigre-do-cáspio indicam que a principal cor de fundo da pelagem variava e era geralmente mais brilhante e uniforme do que a do tigre Siberiano.
- A subespécie, ao contrário das outras, emigrava todo ano, seguindo suas presas.
- O corpo era muito robusto e alargado, com patas fortes e com garras excepcionalmente largas, maiores que as de qualquer outro tigre.
- Também era chamado de tigre Balkhash, tigre hircaniano, tigre turaniano e tigre Mazandaran pelas comunidades locais.
Estudos e referências:
- Can, Ö. E. (2004). Status, conservation and management of large carnivores in Turkey (PDF). Strasbourg: Convention on the conservation of European wildlife and natural habitats.
- Sunquist, M.; Karanth, K. U. & Sunquist, F. (1999). “Ecology, behaviour and resilience of the tiger and its conservation needs”. In Seidensticker, J.; Christie, S. & Jackson, P. (eds.). Riding the Tiger. Tiger conservation in human-dominated landscapes. Cambridge, U.K.: Cambridge University Press.