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Borboleta-monarca ameaçada de extinção

borboleta-monarca (Danaus plexippus)

Danaus plexippus

Borboleta-monarca: espécie mundialmente famosa pela jornada anual de milhares de indivíduos por até 4.000 quilômetros no continente americano acaba de ser listada pela IUCN como ameaçada de extinção.

Borboleta-monarca agora ameaçada de extinção

22/7/2022 ::  por Marco Pozzana, biólogo

A Lista Vermelha da IUCN acaba de ser atualizada. Os dados são alarmantes — 41.459 espécies estão oficialmente ameaçadas de extinção — com números cada vez piores conforme as duas maiores ameaças criadas pelo homem se agravam: a destruição de habitats e as mudanças climáticas.

São justamente esses dois fatores apontados como principais ameaças para a conservação da borboleta-monarca (Danaus plexippus), que sofreu um declínio que supera mais de 80% de sua população nos últimos 25 anos.

A espécie é conhecida por seu espetáculo anual de migrações que ocorrem oriundos do México e da Califórnia no inverno para os locais de reprodução do verão nos Estados Unidos e no Canadá.

Na verdade, são as únicas borboletas capazes de fazer uma migração bidirecional como os pássaros, de acordo com o Serviço Florestal dos EUA.

Mas o desmatamento destruiu significativa parte do abrigo de inverno das borboletas no México e na Califórnia. Pesticidas usados ​​na agricultura em toda a região matam borboletas, e também a planta da qual as larvas da monarca se alimentam.

A mudança climática também impactou essa borboleta migratória e é uma ameaça complexa que resulta em diversos problemas para a conservação da espécie. A seca e o calor diminuem a oferta de seu alimento e aumentam a frequência de incêndios catastróficos. Também desregulam o mecanismo das migrações para períodos inadequados, entre outras mudanças.

“Para preservar a rica diversidade da natureza, precisamos de áreas protegidas e conservadas eficazes e bem governadas, juntamente com ações decisivas para combater as mudanças climáticas e restaurar os ecossistemas.“ – Bruno Oberle, diretor geral da IUCN.

Danaus plexippus (Linnaeus, 1758)

Espécie descrita pelo lendário naturalista Lineu em 1758, a monarca é uma borboleta da família dos ninfalídeos, subfamília dos danaíneos. Têm cerca de 60 mm de envergadura, asas laranjas com listras pretas e marcas brancas.

Dieta ‘venenosa”.

O ciclo de vida inicia-se com uma fêmea adulta botando um ovo do tamanho da cabeça de um alfinete numa folha da planta serralha, tóxica para muitos animais mas não para a monarca. Dias depois nasce a pequena lagarta com riscas brancas, amarelas e pretas. A lagarta se alimenta das folhas que deixam seu corpo muito tóxico para ingestão por predadores como aves. 

Conservação

A população ocidental está em maior risco de extinção, tendo diminuído em cerca de 99,9%, de até 10 milhões para 1.914 borboletas entre os anos 1980 e 2021. A maior população oriental também encolheu 84% de 1996 a 2014. 

Embora a borboleta-monarca esteja declinando rapidamente na natureza, ela tem se perpetuado com cada vez mais sucesso em cativeiro. Em 2009, monarcas foram criadas com sucesso na Estação Espacial Internacional. A monarca também foi a primeira borboleta a ter seu genoma sequenciado. 

A IUCN, organização de conservação que monitora o status da vida selvagem, acrescentou as monarcas à sua lista de espécies ameaçadas nesta semana. Todavia, hoje (22/7/2022) a lista oficial no site da entidade a espécie permanece com o status “de menor preocupação”.

“É difícil ver as borboletas-monarca e sua extraordinária migração à beira do colapso, mas há sinais de esperança. Tantas pessoas e organizações se uniram para proteger essa borboleta e seus habitats. (…)” – Anna Walker, da IUCN SSC Butterfly e Grupo de Especialistas em Mariposas e Oficial de Sobrevivência de Espécies da New Mexico BioPark Society, que liderou a avaliação da borboleta monarca.

Fontes e referências:

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