Cotovia-da-ilha-stephen: esta ave (Traversia lyalli) estava distribuída por toda a Nova Zelândia. O destino da espécie começou a mudar com a chegada do povo Maori, que alterou o ecossistema. Depois vieram os ratos introduzidos, e por fim, quando a espécie estava restrita a uma pequena ilha, gatos, que eliminaram os últimos exemplares.
Cotovia-da-ilha-stephen, a ave que não podia voar
24/9/2021 :: Josué Fontana
A Nova Zelândia tem muitas histórias reais de espécies extintas com a ocupação do território pelos homens.
Por seu isolamento geográfico, o país desenvolveu uma fauna particular de pássaros endêmicos, não poucos extintos pelos homens e mamíferos por eles introduzidos.
Entre essas aves, as que eram incapazes de voar eram as mais vulneráveis. A Carriça-do-mato, por exemplo, voava muito mal, e também foi extinta. A cotovia-da-ilha-stephen, por sua vez, era a única espécie da ordem Passeriformes totalmente incapaz de voar.
Traversia lyalli(Rothschild, 1894)= Xenicus lyalli
Essa pequena ave (cerca de 10 cm) de plumagem verde-azeitona, com pontos amarelados no corpo, tinha bico curto e longas patas castanho-claro. As asas eram tão pequenas que não possibilitavam o voo. A espécie apresentava um ligeiro dimorfismo sexual.
Quase nada se sabe sobre o comportamento da cotovia-da-ilha-stephen. Todavia, tem-se como certo que tinha hábitos crepusculares.
A extinção da espécie
Após a ocupação da Nova Zelândia pelo povo maori, há cerca de 1000 anos, diversas espécies foram extintas e muitas outras tiveram suas populações reduzidas, entre elas a cotovia-da-ilha-stephen.
Com a introdução do rato-do-pacífico (Rattus exulans) as populações de aves como a Traversia lyalli, que não podiam voar, foram terrivelmente impactadas.
Tempos depois, seu último refúgio era a Ilha Stephens no Estreito de Cooka — a única população remanescente da Cotovia-da-ilha-stephen estava restrita a somente 2,5 km² de área.
Em 1893 a ilha foi ocupada por humanos pela primeira vez, ocasião em que foi instalado um farol. O faroleiro trouxe um gato doméstico de nome Tibbles. Segundo o relato do faroleiro, o felino trouxe várias aves mortas, as quais algumas foram vendidas ao Barão Rothschild, um ornitólogo que os identificou como espécie única.
Durante muito tempo acreditou-se que o gato Tibbles era o único animal a eliminar todas as últimas cotovias-da-ilha-stephen. Hoje sabe-se que a espécie foi vítima de diversos gatos selvagens da ilha.
A espécie foi descrita quase simultaneamente por Walter Rothschild e Walter Buller. Foi extinta logo depois, possivelmente ainda no ano de 1895.
O responsável pela extinção foi o homem — primeiro ao alterar seu ecossistema, depois introduzindo espécies invasoras e, por fim, eliminando os últimos animais com a introdução de gatos na ilha Stephens.
Pode-se dizer que o maior impacto nas populações da cotovia-da-ilha-stephen foram causados principalmente por ratos e gatos introduzidos pelo homem.
fontes e referências:
- Tyrberg, T.; Milberg, P. (1991). “Xenicus lyalli exterminated by Polynesia’s rats and lighthouse keeper’s cats“. Var Fagelvarld..
- Lyall’s wren | New Zealand Birds Online – nzbirdsonline.org.nz (em inglês).
- The Obituary Of The Stephens Island Wren – An excerpt from Cat Wars by Peter P. Marra and Chris Santella; published by Princeton University Press (em inglês).