Estudando o novo coronavírus: Bióloga Rafaela da Rosa Ribeiro, que faz estágio de pós-doutorado em hospital de Milão, foi estudar o vírus da zika e acabou entrando em projeto sobre o Sars-CoV-2.
Estudando o novo coronavírus
Abr/2020 :: Depoimento concedido a Marcos Pivetta / Pesquisa FAPESP. CC BY-ND 4.0
Cheguei em 1º de junho do ano passado em Milão, capital da Lombardia, na Itália. Vim para ficar um ano, mas, com a epidemia do novo coronavírus, pedi prorrogação de dois meses de minha bolsa de pesquisa.
É uma oportunidade histórica poder trabalhar com o vírus Sars-CoV-2 na Itália. Vou ficar aqui até meados de agosto deste ano. No trabalho, me comunico 100% em inglês. Meu italiano ainda é macarrônico. Mas me sinto bem acolhida.
Em São Paulo, faço pós-doutorado no Hospital Israelita Albert Einstein. Há uns três anos, decidi trabalhar com o emprego da técnica de edição gênica CRISPR para estudar vias de morte celular em células neuronais infectadas pelo vírus zika.
“Trabalhar com o novo coronavírus é uma oportunidade histórica”
Por coincidência, minha supervisora na virologia, Elisa Vicenzi, é especialista em coronavírus. Ela trabalhou com o vírus Sars-CoV em 2002 e 2003, quando foi a responsável por seu isolamento na Itália.
Desde janeiro deste ano, ela dava palestras sobre o novo coronavírus e monitorava a situação da Covid-19 na Itália. Quando o Sars-CoV-2 chegou com tudo aqui, mandamos às pressas projetos de pesquisa para algumas empresas e instituições.
Há pouco mais de uma semana, a maioria desses projetos foi aprovada e ela me convidou para entrar na pesquisa da Covid-19.
Aceitei. Era uma oportunidade histórica, científica. Todos estão motivados e estamos desenhando os experimentos com o novo coronavírus. A Elisa é uma das cientistas mais ouvidas aqui pela imprensa sobre esse tema.
Em meia hora, vou da minha casa ao hospital. Os laboratórios de pesquisa ficam dentro do hospital. Pego o metrô, que sempre estava cheio, e um ônibus para chegar ao San Raffaele. A epidemia mudou completamente minha rotina. Agora encontro no metrô uma ou duas pessoas no vagão e estão sempre de máscara.
Antes da epidemia, chegava todo dia às 8 horas no laboratório e ficava oito ou dez horas lá. Os experimentos são longos e demorados. Como trabalho em dois laboratórios, o ritmo sempre foi bem frenético e circulo bastante no hospital.
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