BiomédicasBioquímicaGenéticaImunologia

O novo coronavírus originou-se em morcegos?

O novo coronavírus originou-se em morcegos?: Análises genéticas indicam morcegos como provável origem do novo coronavírus. Estudos feitos no Brasil e em outros países mostram que esses animais silvestres devem ter transmitido o 2019-nCoV para as pessoas

O novo coronavírus originou-se em morcegos?

Mar/2020 :: por Carlos Fioravanti / Pesquisa FAPESP.  CC BY-ND 4.0

Produzidas e publicadas em menos de um mês, as análises genéticas do novo coronavírus, indicaram que ele é de fato uma variedade diferente das conhecidas e deve ter chegado aos seres humanos por meio de morcegos, de acordo com três artigos científicos publicados em janeiro. 

Ecologia e evolução
Ecologia e evolução. Morcego Choeronycteris mexicana

Os estudos sobre o vírus de pessoas infectadas na China indicaram que o 2019-nCoV é uma nova variedade do gênero Betacoronavirus, distinta dos coronavírus causadores da síndrome respiratória aguda grave (Sars).

O novo tipo apresentou 88% de semelhança genética com dois coronavírus derivados de morcegos coletados na China, reforçando a hipótese de que esses mamíferos seriam a fonte do microrganismo que infectou seres humanos ao ter contato com as fezes dos animais. Os trabalhos descartaram a possibilidade de o vírus ter vindo de serpentes, como se cogitou.

Análises genéticas indicam morcegos como provável origem do novo coronavírus

Coronavírus no Brasil
Coronavírus no Brasil

“As análises estruturais e moleculares dos genomas são importantes para reconstruir a historia evolutiva, as formas de transmissão, a capacidade de causar doenças e a dispersão do novo coronavírus”, diz a virologista italiana Marta Giovanetti, pesquisadora do laboratório de flavivírus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro.

Segundo ela, outra descoberta importante foi a taxa de mutação do novo coronavírus, de 10-3 substituições por sítio (nucleotídeo, trecho do DNA) por ano. “É uma taxa alta, em concordância com a dos vírus de RNA, o que ressalta a capacidade desses patógenos de acumular rapidamente mutações ao longo do genoma”, diz ela.

Com pesquisadores da Universidade Campus Biomédico, de Roma, Giovanetti participou da análise dos primeiros 12 genomas completos do novo vírus sequenciados por grupos de pesquisa internacionais e disponíveis nas bases Genbank e Iniciativa Global de Compartilhamento de Dados sobre Influenza (GISAID). Os resultados foram publicados em 29 de janeiro na Journal of Medical Virology.

Com pesquisadores da Universidade Campus Biomédico, de Roma, Giovanetti participou da análise dos primeiros 12 genomas completos do novo vírus sequenciados por grupos de pesquisa internacionais e disponíveis nas bases Genbank e Iniciativa Global de Compartilhamento de Dados sobre Influenza (GISAID). Os resultados foram publicados em 29 de janeiro na Journal of Medical Virology.

> Para saber mais, acesse o artigo completo da Revista Fapesp > Análises genéticas indicam morcegos como provável origem do novo coronavírus

Artigos científicos

BENVENUTO, D. et alThe 2019-new coronavirus epidemic: Evidence for virus evolutionJournal of Medical Virology (on-line). 29 jan. 2020.
PARASKEVIS, D. et alFull-genome evolutionary analysis of the novel corona virus (2019-nCoV) rejects the hypothesis of emergence as a result of a recent recombination eventInfection, Genetics and Evolution (on-line). 28 jan. 2020.
LU, R. et alGenomic characterisation and epidemiology of 2019 novel coronavirus: Implications for virus origins and receptor bindingLancet (on-line) 30 jan. 2020.
ZHAO, S. et alPreliminary estimation of the basic reproduction number of novel coronavirus (2019-nCoV) in China, from 2019 to 2020: A data-driven analysis in the early phase of the outbreakInternational Journal of Infectious Diseases (on line). 30 jan. 2020.
CHEN, N. et alEpidemiological and clinical characteristics of 99 cases of 2019 novel coronavirus pneumonia in Wuhan, China: A descriptive studyLancet (on-line). 30 jan. 2020.

Comentários do Facebook