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Paca

Paca: o segundo maior roedor do território brasileiro — menor somente do que a capivara — é herbívoro e de hábitos noturnos e furtivos, evitando até mesmo se expor à luz da lua. É um mamífero resiliente que consegue manter suas populações estáveis, mesmo com um longo histórico sendo caçado. Sua presença torna nossas florestas mais ricas e biodiversas.

Paca, a resiliência na floresta

10/05/2024 ::  por Marco Pozzana

Embora não esteja ameaçada de extinção, a paca — encontrada nas florestas desde a América Central, até a América do Sul — vem sofrendo com diversas ameaças complexas. A principal delas é, sem dúvida, a degradação das florestas, cada vez mais fragmentadas. No Brasil, a situação requer atenção: no Estado do Paraná, por exemplo, ela foi classificada como “Em perigo de extinção”, status que permanece desde 2007. A caça sempre impactou as pacas, uma vez que sua carne é considerada muito saborosa pelos caçadores ilegais.

Todavia, a paca se revelou um animal resistente, evitando se expor a perigos e capaz de refazer suas populações quando as condições são favoráveis. Também são mais ativas durante a noite, hábito que ajuda a evitar predadores, caçadores e a encontrar alimentos com mais facilidade. É muito ágil nas fugas, graças as suas pernas grandes e fortes, além de excelentes nadadoras e dotadas de um fôlego impressionante. Além disso, seus sentidos apurados são outra vantagem na luta pela sobrevivência, com faro, audição e visão bastante desenvolvidos.

As pacas constroem tocas no chão da floresta para se abrigar durante o dia ou para dar à luz seus filhotes, o que normalmente ocorre de uma a duas vezes por ano, gerando, na maioria dos casos, apenas a um filhote. Vivem até 15 anos de idade, mas podem chegar aos 18, se as condições ambientais ou do cativeiro permitirem.

Mamíferos roedores pertencentes à família dos caviídeos, as pacas ostentam cores que vão do cinza-escura ao vermelho, sempre com manchas brancas na lateral do corpo. Apresenta quatro dedos nas patas dianteiras e cinco nas traseiras, com unhas afiadas que permitem estabilidade e aderência em diversas condições.

As pacas têm significados culturais e históricos em muitas sociedades indígenas e comunidades tradicionais, sendo parte integrante de suas crenças, mitos e práticas.

Seu nome tem origem no tupi paka, cujo significado é “vigilante, desperto, alerta”.

Esse roedor avantajado tem um peso no animal maduro que varia de 6 a 12 kg, mas certos machos podem pesar até 15 kg. Os dentes da paca nunca param de crescer, o que explica o costume do animal de roer tronco de árvores, para desgastar os mesmos e limitar o tamanho da dentição. A cauda é muito pequena.

Dieta

Herbívoras, as pacas tem predileção por frutos maduros, como bananas e mangas, e tantos outros. Folhas e outras partes vegetais como sementes e raízes também são parte significativa de sua dieta.

No entanto, cabe destacar que pacas já foram observadas consumindo carcaças (necrofagia). Tal comportamento pode ser explicado por uma carência de proteínas e alimentos.

Conservação

Preservar as pacas é imprescindível por diversas razões. Elas fazem parte da biodiversidade das florestas tropicais, desempenhando um papel essencial nos ecossistemas como herbívoros, dispersores de sementes e presas para predadores, como onças e serpentes. Ao se alimentarem de uma variedade de plantas, as pacas influenciam na estrutura e na composição das comunidades vegetais, ajudando a regular o crescimento de certas espécies e promovendo a diversidade vegetal.

Por dispersarem sementes através de seus hábitos alimentares e de movimentação, as pacas contribuem para a regeneração de florestas e para a manutenção da biodiversidade local. Estudar as pacas e seu comportamento pode fornecer panoramas valiosos sobre a ecologia das florestas tropicais e ajudar na conservação de espécies associadas.

Preservar a fauna nativa é preservar seu habitat. Além disso, em algumas regiões, o turismo relacionado à observação da vida selvagem, incluindo a visualização de animais como as pacas, pode gerar receita para as comunidades locais e contribuir para a conservação das áreas naturais.

Por fim, a conservação das pacas não é apenas uma questão de preservar uma espécie específica, mas também está relacionado à manutenção da saúde dos ecossistemas em que habitam e dos serviços que esses ecossistemas fornecem para o bem-estar humano e ambiental.

Fontes e referências:

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