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Uma esperança para a vaquita

Uma esperança para a vaquita: as últimas vaquitas (Phocoena sinus) são tão raras que pode ser tarde demais para salvar a espécie…. ou não? Talvez a única possibilidade de salvação esteja no sequenciamento do seu genoma.artigo original www.biologo.com.br

Uma esperança para a vaquita

8/9/2021 ::  Por Josué Fontana

A vaquita é uma espécie considerada condenada por muitos biólogos. Os animais restantes, se ainda existirem, não representam muito mais que uma dezena de espécimes.

Cientistas e conservacionistas têm falhado na tentativa de proteger os últimos exemplares. Diversas ameaças pressionam a vaquita, mas a principal delas é atribuída às capturas acidentais da pesca ilegal com redes para o totoaba (Totoaba macdonaldi), cienídeo também criticamente ameaçado e endêmico do Golfo da Califórnia. 

Em novembro de 2017 uma fêmea adulta de vaquita foi capturada para estudos e esforço conservacionista. Ela estava calma e em boas condições durante a captura e o transporte para a estrutura especialmente construída para abrigar vaquitas. Tudo ia bem até que algo afetou a saúde do animal.

As últimas vaquitas

Vaquita - Phocoena sinus
Phocoena sinus

“O monitoramento dos sinais vitais pelos veterinários nos diziam que estava indo tudo bem. E de repente, em um segundo, a vaquita ficou excitada, parou de respirar, começou a afundar, tiramos ela da água e a soltamos. Mas ela estava muito desorientada, não conseguia mais nadar sem andar em círculos. Os veterinários passaram cerca de seis horas tentando melhorar sua condição e aplicando-lhe respiração cardiopulmonar ”, diz o Dr. Lorenzo Rojas, membro da Comissão Nacional de Áreas Protegidas e do Comitê Internacional para o Resgate da Vaquita Marinha. “Infelizmente o animal faleceu, foi muito triste! Você não sabe o que é perder um animal assim”.

Reviravolta: autópsia e genoma

Uma esperança para a vaquita
Par de vaquitas avistado em pesquisa de 2008 no Golfo da Califórnia. NOAA Fisheries West Coast

O cadáver da vaquita foi transferido para a sala de necropsia e foram retiradas amostras de pele, fígado, rim, traqueia e ovários. Logo pela manhã, com um avião emprestado, Dr. Rojas trouxe as amostras para seus colegas de San Diego e La Jolla, nos Estados Unidos. Menos de 24 horas após a morte da vaquita, as amostras de seus tecidos chegaram em boas condições.

“Graças a esse esforço, salvamos culturas vivas de células de vaquita e também o genoma mais completo de um organismo em extinção”, explica Phillip Morin, pesquisador da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional de La Jolla.

Morin, Rojas e sua equipe internacional tornaram o genoma da vaquita e sua análise públicos por meio do servidor bioRxiv. Essas conquistas permitirão que a vaquita seja estudada em detalhes moleculares, sem prejudicar nenhum outro indivíduo.

A análise feita no genoma sugere que há mais de 300 mil anos a população da vaquita é pequena. Embora neste momento a população atual seja bastante preocupante, o resultado aponta que a vaquita teve milhares de gerações lidando com um pequeno tamanho populacional.

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“Isso finalmente descarta todas as crenças de que  a vaquita já está condenada à extinção por causa da endogamia”, diz Phillip Morin com um sorriso. “Há variação genética suficiente para resgatá-lo.”

Graças ao genoma obtido de vaquita em 2017, Lorenzo Rojas e seus colegas têm os dados necessários para dar uma nova esperança a esta espécie endêmica do México. Vamos ver se no futuro, ao menos, teremos um número mais significativo desses mamíferos nadando nas águas do México.

Fontes e referências:
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