Lobo-japonês (Canis lupus hodophilax) era uma subespécie de lobo-cinzento endêmica das áreas montanhosas da ilha japonesa de Honshuo. O animal acabou extinto com o avanço da civilização na região, morto principalmente por fazendeiros.
Lobo-japonês, o uivo que ecoava na montanha
2/7/2021 :: Por Josué Fontana
Um animal que conviveu em harmonia com os homens da ilha de Honshuo por milhares de anos, mas em um ponto da história passou a ser visto como uma ameaça para os rebanhos. Era o começo do fim da era dos Lobos-de-honshu.
O último exemplar conhecido foi capturado e morto na província de Honshu Nara, em 23 de janeiro de 1905. Desde então, diversos supostos avistamentos ocorreram, todos sem confirmação. Alguns zoólogos japoneses acreditam que esses relatos derivam de erros de identificação de cães selvagens.
Lobo-de-honshu – Canis lupus hodophilax
O Lobo-japonês era a segunda menor entre as espécies de lobo, animal típico da ilha de Honshuo, no Japão. Tinha somente cerca de 56–58 cm de comprimento.
A subespécie foi descrita por Temminck em 1839 como “menor que o Canis lupus lupus (Linnaeus 1758) e de pernas mais curtas, com sua pelagem lisa e curta.”
Infelizmente pouco se sabe acerca do comportamento da subespécie. Provavelmente eram animais bastante inteligentes que se organizavam socialmente e tinham estratégias de caça em grupo.
Restos de esqueletos do lobo japonês foram encontrados em sítios arqueológicos, como os montes de conchas Torihama, que datam do período Jōmon (10.000 a 250 a.C.).
Em 713 DC, o lobo apareceu pela primeira vez em escritos. A partir de 967 DC, os registros históricos indicaram a preferência do lobo por predar cavalos, selvagens ou em pastagens, estábulos e aldeias.
“O dinheiro a ser ganho é claramente mais importante do que as extinções que causamos, incluindo as nossas próprias.” – Guy R. McPherson
Causas do declínio e extinção
Na verdade, o Lobo-de-honshu era cultuado na tradição regional porque mantinha os animais herbívoros longe das plantações. Era tratado como uma verdadeira divindade, referido como ookami (grande deus).
Entretanto, com o avançar do tempo, os habitantes da ilha implementaram um modelo de criação de animais diferente, semelhante ao norte-americano. Com o novo sistema o equilíbrio se desfez e os lobos passaram a atacar o gado. Vistos como ameaça à produção, começaram a ser abatidos.
No ano de 1701, um senhor introduziu a primeira recompensa por abate de lobo e em 1742 os primeiros caçadores profissionais estavam usando armas de fogo e veneno.
Em 1736, a doença da raiva apareceu entre os cães no leste do Japão, indicando que havia entrado na China ou na Coreia e depois se espalhou por todo o país. Pouco depois, se espalhou para a população de lobos, deixando os mesmos muito mais agressivos. Matar lobos se tornou uma política nacional sob a Restauração Meiji, e em algumas décadas o lobo japonês foi extinto. O último Canis lupus hodophilax vivo conhecido morreu em 1905.
Diversos fatores explicam a extinção do Lobo-de-honshu. Provavelmente o desmatamento e degradação do habitat para expansão das fazendas foram as principais. Por fim, a agressão induzida pela raiva os levaram a entrar em conflito com os humanos, e por isso os tornaram alvo dos fazendeiros.
Fontes e referências:
- Pleistocene Fossils of Wolves in Japan: NAORA Nobuo Collection (em inglês).
- Lee, E. (2015). “Ancient DNA analysis of the oldest canid species from the Siberian Arctic and genetic contribution to the domestic dog”. PLOS ONE (em inglês).
- Pilot, M. G.; Branicki, W.; Jędrzejewski, W. O.; Goszczyński, J.; Jędrzejewska, B. A.; Dykyy, I.; Shkvyrya, M.; Tsingarska, E. (2010). “Phylogeographic history of grey wolves in Europe”. BMC Evolutionary Biology.